Horas silentes...
A cidade adormecida
Descansa de outro dia,
Extenuante, mas palpitante de vida;
De amares, de amores,
Esperanças, frustrações...
Leitos aquecem corpos que se desejam,
Raios de luar nas ondas do mar despejam
Purpurinas espumantes,
Ecos-suspiros de amantes...
E de veladas canções...
Soluça o vento, ao bailar dos arvoredos,
Geme baixinho, sussurrando os segredos
Que emanam, murmurantes,
De sequiosos corações...
E no meu peito, meus mais secretos desejos,
Buscam do luar os flutuantes lampejos:
Participar também querem
Do festival de emoções...
És, madrugada, companheira solidária,
Dos meus anseios, a total depositária,
Dos devaneios, a cúmplice mais leal...
E, quando o sol esparrama no horizonte
Os fulgores de sua flamejante fonte,
Voltam os ritos do nosso mundo real...
Mas permaneço na minha credulidade
Que essa magia ainda será verdade...
E em breve adeus,
Num aceno de bonança,
A madrugada se vai,
Resguardando a esperança
Que nela eu sempre ponho!
É alvorada no tempo,
É despertar do meu sonho...
Oriza Martins
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