O câncer de mama é uma das doenças mais temidas pelas mulheres, devido à sua alta frequência e pelos seus efeitos psicológicos, que afetam a sexualidade e a própria imagem pessoal. Raro antes dos 35 anos de idade, mas muito presente acima desta faixa etária, sua incidência cresce rápida e progressivamente. As estatísticas indicam o aumento de sua frequência tantos nos países desenvolvidos, quanto nos países em desenvolvimento.
Segundo a Estimativa 2008 de Incidência do Câncer no Brasil, divulgada pelo INCA, Instituto Nacional do Câncer, o número de casos novos de câncer de mama esperados para o Brasil em 2008 é de 49.400, com um risco estimado de 51 casos a cada 100 mil mulheres. Na região Sudeste, o câncer de mama é o mais incidente entre as mulheres com um risco estimado de 68 casos novos por 100 mil. Sem considerar os tumores de pele não melanoma, este tipo de câncer também é o mais frequente nas mulheres das regiões Sul (67/ 100.000), Centro-Oeste (38/ 100.000) e Nordeste (28/ 100.000). Na região Norte é o segundo tumor mais incidente (16/ 100.000)
Símbolo do feminino
A mama é um dos símbolos da identidade feminina. A sua extração para tratar o câncer de mama significa muito, tanto do ponto de vista físico quanto psicológico para a mulher. Portanto, a sua reconstrução é de suma importância para que a paciente recupere a auto-estima, auxiliando, assim, o tratamento do câncer e o restabelecimento do convívio social.
Em pacientes submetidas à mastectomia, o objetivo maior da cirurgia reconstrutora é a reabilitação estética, retirando da paciente o estigma do câncer e da mutilação. O retorno à condição física pré-câncer é fundamental neste processo e a morbidade da retirada da musculatura não é desprezível. A microcirurgia e os retalhos perfurantes constituem mais uma opção para as mulheres mastectomizadas pela menor agressão à parede abdominal e pelo retorno mais precoce às atividades habituais pré-operatórias. A ponderação entre estas vantagens e os riscos inerentes à complexidade do procedimento deve ser aventada, colocando-se assim a melhor opção de tratamento e reabilitação.
O tipo de cirurgia para reconstrução da mama varia de acordo com o tamanho e localização do tumor biótipo da paciente e o volume da mama. Pacientes magras e com mama contralateral pequena apresentam melhores condições para reconstrução da mama com expansor de pele e posterior colocação de prótese de silicone. Em mulheres obesas ou com mama contralateral grande, a reconstrução pode ser feita com expansor e prótese de silicone de maior volume ou com tecidos do abdômen ou das costas, com ou sem próteses.
Grande parte das cirurgias reconstrutoras são realizadas simultaneamente à retirada do tumor câncerígeno. Dessa forma, diminui-se o tempo de internação e a reabilitação social é beneficiada. Quando a reconstrução é imediata, a paciente não precisa conviver com a mutilação parcial ou total do seio, a mastectomia. A experiência se torna menos traumática.
Reconstrução da aréola e do mamilo
Muitas vezes, a aréola e o mamilo também são retirados durante a mastectomia. Sua reconstrução se realiza, geralmente, entre 2 e 3 meses depois que se reconstruiu a mama. A reconstrução do mamilo é feita, na maioria das vezes, com parte do mamilo da outra mama, cartilagem da orelha ou com a pele da própria mama reconstruída. A escolha vai depender do tamanho do mamilo contra-lateral e das condições locais da pele. A aréola normalmente é reconstruída a partir da pele situada na região interna das coxas, que tem grande quantidade de melanina ou através de tatuagem. Cabe ao cirurgião plástico avaliar as condições da pele e da técnica utilizada para reconstruir o mamilo e a aréola.
Vida saudável pode evitar câncer Direito assegurado
A cirurgia de reconstrução da mama é assegurada pelo Sistema Único de Saúde, SUS, desde 1999. Os procedimentos cobertos incluem o implante da prótese de silicone. A saúde suplementar também prevê a cirurgia plástica reconstrutiva da mama, após tratamento para retirada de câncer para os contratos celebrados após 1998.
Ruben Penteado
Especialidade: Cirurgia plástica
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