quinta-feira, 29 de setembro de 2011

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Alzheimer

Sobre o Alzheimer
Roberto Goldkorn é psicólogo e escritor

Meu pai está com Alzheimer. Logo ele, que durante toda vida se dizia 'o Infalível'. Logo ele, que um dia, ao tentar me ensinar matemática, disse que as minhas orelhas eram tão grandes que batiam no teto. Logo ele que repetiu, ao longo desses 54 anos de convivência, o nome do músculo do pescoço que aprendeu quando tinha treze anos e que nunca mais esqueceu: esternocleidomastóideo.

O diagnóstico médico ainda não é conclusivo, mas, para mim, basta saber que ele esquece o meu nome, mal anda, toma líquidos de canudinho, não consegue terminar uma frase, nem controla mais suas funções fisiológicas, e tem os famosos delírios paranóicos comuns nas demências tipo Alzheimer.

Aliás, fico até mais tranqüilo diante do 'eu não sei ao certo' dos médicos; prefiro isso ao 'estou absolutamente certo de que...', frase que me dá arrepios.

E o que fazer... para evitarmos essas drogas?
Como?

Lendo muito, escrevendo, buscando a clareza das idéias,criando novos circuitos neurais que venham a substituir os afetados pela idade e pela vida 'bandida'.

Meu conselho: é para vocês não serem infalíveis como o meu pobre pai; não cheguem ao topo, nunca, pois dali só há um caminho: descer. Inventem novos desafios, façam palavras cruzadas, forcem a memória, não só com drogas (não nego a sua eficácia, principalmente as nootrópicas), mas correndo atrás dos vazios e lapsos.

Eu não sossego enquanto não lembro do nome de algum velho conhecido, ou de uma localidade onde estive há trinta anos.. Leiam e se empenhem em entender o que está escrito, e aprendam outra língua, mesmo aos sessenta anos..

Coloquem a palavra FELICIDADEno topo da sua lista de prioridades: 7 de cada 10 doentes nunca ligaram para essas 'bobagens'e viveram vidas medíocres e infelizes - muitos nem mesmo tinham consciência disso.

Mantenha-se interessado no mundo, nas pessoas, no futuro. Invente novas receitas, experimente (não gosta de ir para a cozinha? Hum... Preocupante). Lute, lute sempre, por uma causa, por um ideal, pela felicidade.

Parodiando Maiakovski, que disse 'melhor morrer de vodca do que de tédio', eu digo: melhor morrer lutando o bom combate do que ter a personalidade roubada pelo Alzheimer.

Dicas para escapar do Alzheimer:

Uma descoberta dentro da Neurociência vem revelar que o cérebro mantém a capacidade extraordinária de crescer e mudar o padrão de suas conexões.

Os autores desta descoberta, Lawrence Katz e Manning Rubin (2000), revelam que NEURÓBICA, a 'aeróbica dos neurônios', é uma nova forma de exercício cerebral projetada para manter o cérebro ágil e saudável, criando novos e diferentes padrões de atividades dos neurônios em seu cérebro. Cerca de 80% do nosso dia-a-dia é ocupado por rotinas que, apesar de terem a vantagem de reduzir o esforço intelectual, escondem um efeito perverso; limitam o cérebro.

Para contrariar essa tendência, é necessário praticar exercícios 'cerebrais' que fazem as pessoas pensarem somente no que estão fazendo, concentrando-se na tarefa. O desafio da NEURÓBICA é fazer tudo aquilo que contraria as rotinas, obrigando o cérebro a um trabalho adicional.

Tente fazer um teste:

- use o relógio de pulso no braço direito;
- escove os dentes com a mão contrária da de costume;
- ande pela casa de trás para frente; (vi na China o pessoal treinando isso num parque);
- vista-se de olhos fechados;
- estimule o paladar, coma coisas diferentes;
- veja fotos de cabeça para baixo;
- veja as horas num espelho;
- faça um novo caminho para ir ao trabalho.
A proposta é mudar o comportamento rotineiro!
Tente, faça alguma coisa diferente com seu outro lado e estimule o seu cérebro. Vale a pena tentar!
Que tal começar a praticar agora, trocando o mouse de lado?
Que tal começar agora enviando esta mensagem, usando o mouse com a mão esquerda?

sábado, 24 de setembro de 2011

Modéstia Cearense

Modéstia cearense!

Estava num passeio em Roma quando, ao visitar a Catedral de São Pedro fiquei abismado ao ver uma coluna de mármore com um telefone de ouro em cima. Vendo um jovem padre que passava pelo local perguntei a razão daquela ostentação.
O padre então me disse que aquele telefone estava ligado a uma linha direta com o paraíso e que se eu quisesse fazer uma ligação eu teria de pagar 100 dólares. Fiquei tentado, porém declinei da oferta.
Continuando a viagem pela Itália encontrei outras igrejas com o mesmo telefone de ouro na coluna de mármore. Em cada uma das ocasiões perguntei a razão da existência e a resposta era sempre a mesma: Linha direta com o paraíso ao custo de 100 dólares a ligação.
Depois da Itália, chegando ao Brasil, fui direto para Fortaleza. Ao visitar a nossa gloriosa Catedral da Sé, fiquei surpreso ao ver novamente a mesma cena: uma coluna de mármore com um telefone de ouro.
Sob o telefone um cartaz que dizia: Linha direta com o paraíso - Preço por ligação = R$ 0,25 (Vinte e Cinco Centavos).
Não me agüentei, e lasquei.... Padre, eu disse, viajei por toda a Itália e em todas as catedrais que visitei vi telefones exatamente iguais a este, mas o preço da chamada era 100 dólares. Por que aqui é somente R$ 25 centavos?

O Padre sorriu e disse: Meu “filho”, você está no Ceará... Aqui a ligação é local!
O PARAÍSO É AQUI...
Desconheço o Autor

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Mentes Cegas

Mentes cegas
Desde a infância somos capazes de perceber o que os outros sentem e pensam; autistas, porém, não dispõem desse recurso que permite a comunicação em nível mais sutil
por Bruce M. Hood

Na cena final do filme Casablanca, quando Humphrey Bogart finalmente pede a Ingrid Bergman que entre no avião que a levará de volta ao seu marido, a jovem mãe que assiste à sessão da tarde pela TV deixa cair uma lágrima. Instintivamente, o filho de 2 anos tenta confortá-la, oferecendo-lhe seu ursinho de pelúcia. Neste momento, os dois (cada um a seu modo) mostram a consciência intuitiva do estado mental e emocional de outra pessoa.


Esse tipo de intuição surge naturalmente para a maioria de nós – mas não para todos. Pessoas com autismo não dispõem desse recurso. O transtorno do desenvolvimento afeta uma pessoa em cada 500 (essa cifra varia, dependendo de como definimos o distúrbio). Atualmente, tem sido adotado o termo “transtornos do espectro do autismo” para ressaltar que a patologia varia amplamente em grau de seriedade, mas mantém em
comum três sintomas: profunda ausência de habilidades sociais, baixa capacidade de comunicação e comportamentos repetitivos. Independentemente da gravidade da manifestação, na base dessas características estão os problemas de intuição social.


Autistas têm dificuldade em se aproximar de outras pessoas porque não construíram um repertório de habilidades de desenvolvimento que permite que os humanos se tornem “especialistas em ler a mente alheia”. Não falamos aqui da habilidade especial de descobrir pensamentos como fazia o sr. Spock, personagem da série Jornada nas estrelas, mas da capacidade de inferir o que os outros estão pensando e sentindo em diferentes circunstâncias. No início da infância, as crianças saudáveis desenvolvem, gradativamente, uma compreensão cada vez mais sofisticada de que os outros apresentam estados mentais que motivam seu comportamento. Por exemplo,
você será capaz de notar que seu interlocutor está nervoso e agitado, mesmo que ele não
lhe diga isso em momento algum da conversa. Ou, se você esquece sua bolsa no escritório, posso perceber que você acredita que ela estará lá mesmo que a faxineira a tenha colocado no depósito de achados e perdidos. Eu posso entender que você mantém uma falsa crença, talvez para se defender de uma frustração. Essa possibilidade natural, da qual desfrutamos desde criança, é uma “teoria da mente”. Formulamos várias delas, muitas vezes por dia, sem sequer nos darmos conta de quantas. É por volta dos 3 anos que começamos a perceber que as outras pessoas têm objetivos, preferências, desejos, crenças e até fazem juízos falsos. Sem essa gama de habilidades sociais a mente torna-se “cega” – incapaz de entender o que os outros estão pensando e por que fazem certas coisas. Isso não quer dizer que não nos surpreendamos, mas de forma geral temos – alguns mais, outros menos, é verdade – condições de compreender o outro e suas razões.

Bruce M. Hood psicólogo, diretor do Centro de Desenvolvimento Cognitivo de Bristol, da Universidade de Bristol, Inglaterra, autor de Supersense: why we believe in the unbelievable (HarperOne, 2009) e de The self illusion, a ser publicado nos Estados Unidos.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Loucura...

É loucura, odeiar todas as rosas por que uma te espetou...
Perder a fé em todas as orações, porque numa não foste atendido...
Desistir de todos os esforços
Porque um deles fracassou...
Condenar todas as amizades
Porque uma te traiu...
Descrer de todo o amor
Porque um deles te foi infiél...
Jogar fora todas as chances de ser feliz
Porque uma tentativa não deu certo...
Espero que na tua caminhada, não cometas essas loucuras.
Há sempre uma outra CHANCE
Uma outra AMIZADE
Um outro AMOR
Uma nova FORÇA
è so ser "perseverante" e procurar ser mais FELIZ a cada dia.
A gloria não consite em jamais cair, mas sim de ergue-se toda vez que for necessário!

Autor Desconhecido

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

terça-feira, 20 de setembro de 2011

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Cearense inventa carro quadriflex

Cearense inventa veículo quadriflex
Movido a energia solar e eólica, gasolina e etanol, o veículo é mais econômico e menos poluente
Por: Redação da Rede Brasil Atual

São Paulo - O primeiro carro quadriflex do mundo, inventado pelo cearense Fernando Alves Ximenes, promete ser uma das atrações da Ecoenergy, 1ª Feira Internacional de Tecnologias Limpas e Renováveis para Geração de Energia e Eficiência Energética, realizada a partir desta quinta-feira (15) até sábado (17), no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo.
O cientista, da empresa Gram-Eollic, adaptou um veículo Novo Uno, da Fiat, fazendo o motor operar movido a energia solar e eólica, além de gasolina e etanol. O automóvel recebeu modificações no teto, com células fotovoltaicas, e no para-choque, onde foram instaladas turbinas eólicas.
O veículo garante menor emissão de CO2 na atmosfera e possui maior potência e torque. Com o deslocamento, as turbinas giram e alimentam o sistema elétrico e o sistema de combustão. É quando utiliza tanto a energia eólica quanto a solar. Desligado ou estacionado, é alimentado pela energia solar, captada tanto da luz do sol quanto das lâmpadas elétricas em geral. Uma bateria armazena a carga.
No carro adaptado por Ximenes, em quatro versões (executiva, esportiva, comercial e para o dia a dia), a emissão de poluentes foi reduzida em 40%, e o consumo melhorou. O custo de adaptação do veículo é de R$ 8 mil. Agora, o inventor trabalha para chegar à versão 100% autossustentável, sem necessidade de bateria.
Na tarde desta quinta-feira, também será realizada a palestra do secretário de Energia de São Paulo, José Aníbal, com dados sobre a matriz energética do estado.
A feira reunirá fornecedores de produtos e serviços voltados para a geração, transmissão e comercialização de energia, até setores inovadores na geração de energia como biomassa (animal ou vegetal) incluindo-se biogás e biodiesel, além de energia eólica, hidráulica, hidrelétrica, solar e das marés. O Centro de Exposições Imigrantes fica na rodovia dos Imigrantes, km 1,5.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Oração de Santo Augustinho

Belo texto de Santo Augustinho.


Louvada seja a dança, ela libera o homem o peso das coisas materiais,
para formar a sociedade.
Louvada seja a dança, que exige tudo e fortalece a saúde, uma mente se- rena e uma alma encantada.
A dança significa transformar o espaço, o tempo e o homem.
Que sempre corre perigo de perder-se ou somente cérebro, ou só vontade ou só sentimento.
A dança, porém, exige o ser humano inteiro, ancorado no seu centro, e que não conhece a vontade de dominar gente e coisas, e que não sente a obsessão de estar perdido no seu ego.
A dança exige o homem livre e aberto vibrando na harmonia de todas as forças.
Ó homem, ó mulher aprenda dançar senão os anjos no céu não saberão o que fazer contigo.
(Santo Agostinho), 354 – 430 d.C.

"Dançando juntos nos curamos e curamos o nosso planeta, e descobrimos que é possível fazer o mesmo na nossa vida diária...... Dançar em círculos ajuda-nos a melhorar e enriquecer a nossa vida: física, mental, emocional e espiritual, o que satisfaz a todos os que entram em contato; e aprender a comunicar de um modo mais profundo e com maior sentido, o que, em últi- ma instância, é a única maneira de melhorar e enriquecer o mundo inteiro”
F. C. Diógenes.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Japones vive sozinho em cidade fantasma

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terça-feira, 13 de setembro de 2011

Palavras Geradoras

Palavras geradoras de vida que geram novos significados.
Amor: essencial a manutenção da vida; Cuidado: é necessário o cuidado permanente com a vida e com a saúde; Doação: deve ser vivenciado constantemente; Alegria: semear sempre, mesmo nos momentos difíceis; Compromisso: dever de todos; Perdão: é divino, não nos pertence, mas é possível a pratica; Desenvolvimento: é um dever de cada um, crescer como pessoa sociável; Vínculos: é fundamental manter um bom vínculo consigo mesmo, com o outro e com a mãe natureza; Criação: é eterna, é um dom de Deus; Coragem: enfrentar os desafios faz parte da vida; Prazer: são os resultados conquistados no profissional e no pessoal, para o bem comum; Educação: é a fonte, é a base de tudo, nasce do berço familiar; Aprendizagem: precisamos reconhecer que somos eternos aprendizes; Transformação: idéias novas, para viver novas conquistas; Encontro: é nos encontros e desencontros que a vida acontece; Vivência: precisa ser constante; Descoberta: nossa obrigação é descobrir o novo e vivenciar sem medo; Realização: é objetivo de todos na busca da felicidade; Identidade: importante para nos revelar quem somos; Saúde: deve ser cuidada sempre; Conhecimento: se adquire na Escola, no estudo diário; Espiritualidade: é a nossa comunhão com o sagrado, é vital e indispensável; Expressão: comunicar-se não só com belas palavras e com o corpo, mas com o coração; Complexidade: inevitável, mas pode ser superada na vivência e no contato com o outro; Respeito: fundamental na vida em comum; Arte: somos construtores em potencial, basta usarmos a criatividade; Nutrição: nutrir e ser nutrido nos faz bem; Embalo: a vida é uma dança, uma canção, não pode parar; Busca: desistir dos sonhos, jamais, mesmo reconhecendo nossos limites; Evolução: é acompanhar o movimento de tudo que acontece ao nosso redor; Sabedoria: é necessário, mas sem humilhar os outros; Tolerância: sua prática é indispensável. ( F. C. Diógenes)

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A fala só é bonita quando ela nasce de uma longa e silenciosa escuta

A fala só é bonita quando ela nasce de uma longa e silenciosa
escuta." ( Rubem Alves).

"O que as pessoas mais desejam é alguém que
as escute de maneira calma e tranqüila.
Em silêncio. Sem dar conselhos.
Sem que digam: "Se eu fosse você".

A gente ama não é a pessoa que fala bonito.
É a pessoa que escuta bonito.
A fala só é bonita quando ela nasce de uma
longa e silenciosa escuta.

É na escuta que o amor começa.
E é na não-escuta que ele termina.
Não aprendi isso nos livros.
Aprendi prestando atenção."
Rubem Alves
“Entre o inspirar e o expirar há um intervalo; e é nesse milésimo de segundo que a vida renasce. É no escutar e no sentir, que nos revelamos quem somos e o que queremos ser”. (Diógenes)

sábado, 10 de setembro de 2011

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

sábado, 3 de setembro de 2011

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Esclerose Lateral Amiotrófica - ELA

Um amigo de 40 anos estava jogando futebol, como fazia regularmente, quando sentiu a perna travar bem na hora de bater um pênalti. Ele não foi capaz de entender nem de explicar por que, de repente, a perna tinha ficado pesada a ponto de não conseguir acertar o chute.

Infelizmente, esse foi o sintoma inicial da esclerose lateral amiotrófica (também conhecida pela sigla ELA), uma doença que compromete a musculatura e causa deficiência motora progressiva.

Como o próprio nome indica, essa moléstia se caracteriza pelo endurecimento dos músculos (esclerose), inicialmente num dos lados do corpo (lateral) e atrofia muscular (amiotrófica).

Mal descrita até bem pouco tempo, hoje se sabe que a causa é a degeneração dos neurônios motores no cérebro e na medula espinhal. Embora o diagnóstico precoce seja fundamental para retardar a evolução da doença, na maioria das vezes, ele custa a ser feito.

CARACTERÍSTICAS E SINTOMAS

Drauzio – Como o cérebro emite ordens para que um membro faça o movimento adequado na hora de bater um pênalti, por exemplo?

Acary Oliveira – Parece fácil, mas não é. Para a pessoa realizar um movimento, o sistema nervoso central (SNC) emite uma ordem que parte do primeiro neurônio motor (superior), alcança a região do tronco cerebral e dali caminha até medula nervosa situada dentro da coluna espinhal. No corno anterior, ou seja, no segmento da medula voltado para o osso esterno, está o segundo neurônio motor (inferior) de onde saem os nervos da motricidade que transmitem o comando para o músculo esquelético contrair.

Qualquer alteração nesse mecanismo, seja no primeiro neurônio motor situado no cérebro, seja no segundo neurônio motor situado na medula espinhal pode afetar as vias que conduzem o estímulo até o músculo esquelético e ser responsável pelo aparecimento de fraqueza muscular.

Nos Estados Unidos, a esclerose lateral amiotrófica é conhecida como Doença de Lou Gehrig. Os aficionados por beisebol certamente já ouviram falar de Lou Gehrig, um exímio jogador das décadas de 1920/1930. Aos 12 anos, ele conseguia atravessar a nado o rio Hudson que separa a cidade de Nova York do estado de Nova Jersey e, aos 23 anos, era jogador titular do New York Yankees, time com maior número de vitórias da Liga Americana de Beisebol.

Considerado um dos melhores jogadores por anos consecutivos, Lou Gehrig recebeu vários prêmios e, aos 37 anos, encontrava-se no auge da forma física, técnica e emocional. Estava casado, tinha filhos, era famoso e querido pela torcida.

Um ano mais tarde, porém, a Liga Americana de Beisebol divulgou que o índice de batida desse jogador, ou seja, a tentativa de acertar a bola arremessada, tinha começado a cair, embora ele não apresentasse o menor sinal de fraqueza muscular ou de outra anormalidade qualquer. Mesmo assim, o atleta procurou um médico, um segundo, um terceiro, mas nenhum deles encontrou explicação para o que estava acontecendo. O quarto médico, porém, ao examiná-lo sem roupa, notou pequena atrofia e certo tremor muscular e fez o diagnóstico. Ele conhecia as características da esclerose lateral amiotrófica, porque sua mãe havia morrido por causa dessa doença.

Ainda hoje, depois do primeiro sintoma, a peregrinação por quatro ou cinco médicos atrás do diagnóstico costuma durar mais ou menos um ano.

Drauzio – A esclerose lateral amiotrófica é sempre uma doença que acomete os neurônios?

Acary S. Bulle Oliveira – A ELA é uma doença provocada por alteração no primeiro neurônio motor (superior) e no segundo neurônio motor (inferior). Seu principal sintoma é a fraqueza muscular. Outro sintoma, os reflexos vivos, é sinal do comprometimento no primeiro neurônio. Já a atrofia e o tremor muscular são indicativos do comprometimento do segundo neurônio.

CAUSAS E PREVALÊNCIA

Drauzio – Qual a causa dessa doença?

Acary S. Bulle Oliveira – Ninguém conhece a causa. Sabe-se, entretanto, que os atletas constituem uma população com maior risco. Parece que a superutilização da musculatura favorece o mecanismo de degeneração da via motora. Essa não é a única causa, porém, pois pessoas que nada têm de atletas também desenvolvem essa doença degenerativa.

Drauzio – Qual é a prevalência da ELA?

Acary S. Bulle Oliveira - ELA é uma doença relativamente rara. São registrados um ou dois casos em cada cem mil pessoas por ano no mundo. Acontece que numa das ilhas Marianas, a ilha de Guan situada no Pacífico Oeste, abaixo das Filipinas e a leste do Japão, o número de casos é cem vezes maior. Isso chamou a atenção dos pesquisadores. Eles descobriram que habitantes dessa região, os chamorros, consumiam muito a fruta de uma palmeira que era rica em glutamato. O curioso é que a toxicidade não estava no fruto: estava numa iguaria feita com morcegos carregados de glutamato, porque se alimentavam com esse fruto.

Os pesquisadores concluíram, então, que tanto os atletas expostos a ações repetitivas, quanto os chamorros comendo, por anos a fio, o prato feito com morcegos, teriam predisposição para o aparecimento da doença.

Drauzio – A esclerose lateral amiotrófica tem herança genética?

Acary S. Bulle Oliveira – Em sua maioria, os casos são esporádicos. Entretanto de 5% a 10% dos pacientes desenvolvem uma forma familiar da doença. Parte deles é portadora da mutação de um gene relacionado com uma enzima inibidora dos radicais livres, isto é, do lixo que as células produzem. O entendimento desse mecanismo é de fundamental importância para encontrar formas terapêuticas de tornar a doença menos grave, retardar sua evolução, ou até reverter o quadro.

Drauzio – A mutação desse gene no pai significa que o filho também terá a doença?

Acary S. Bulle Oliveira – Não. Na grande maioria das vezes, a doença aparece numa única pessoa da família.

EVOLUÇÃO

Drauzio – Como evolui a esclerose lateral amiotrófica?

Acary S. Bulle Oliveira – ELA é uma doença degenerativa irreversível que afeta progressivamente os neurônios envolvidos na motricidade. As primeiras alterações podem acometer o pé, depois a perna, a mão e, nos estágios mais adiantados, há comprometimento dos músculos responsáveis pela deglutição e pela respiração.

Em média, a contar do primeiro sintoma, a sobrevida dos pacientes é de três anos e meio, quatro anos, mas há pessoas que vivem muito mais e outras, muito menos. Portanto, não há como fazer prognósticos. Stephen Hawking, famoso físico inglês, recebeu o diagnóstico de esclerose lateral amiotrófica aos 21 anos. O colega que fez o diagnóstico aconselhou-o a não perder tempo com o “livrinho” que estava escrevendo, porque não lhe restava tempo de vida suficiente para vê-lo publicado. Stephen não só terminou aquele livro e assistiu ao sucesso que fez por muitos anos, como escreveu outros livros, casou-se e teve filhos. Hoje, ele brinca que é ruim ser seu médico, porque eles morrem, enquanto ele continua vivo 44 anos depois de ter recebido o diagnóstico. Infelizmente, são poucos os casos como o dele.

Drauzio – O que pode ser feito para retardar a evolução da doença?

Acary S. Bulle Oliveira – A doença deixou de ser considerada intratável. Diante da pesquisa com os chamorros mostrando que glutamato em excesso pode provocar a doença, um laboratório conseguiu sintetizar uma substância que inibe a ação tóxica do glutamato sobre os neurônios motores com o propósito de aumentar a sobrevida do paciente. No entanto, essa droga não impede a evolução da doença. Por isso, vários laboratórios estão tentando encontrar outras que potencializem a ação dessa primeira.
Os experimentos com animais mostram que a terapia gênica pode não só retardar como reverter a evolução da ELA. Em humanos, esse objetivo ainda não foi alcançado, mas sabe-se que é potencialmente viável.

TRATAMENTO

Drauzio – Essa pobreza de recursos não implica a impossibilidade de tratar os doentes?

Acary S. Bulle Oliveira – De jeito nenhum. Durante toda a evolução da doença, há como orientar os pacientes para que usufruam melhor qualidade de vida com independência e autonomia. Eles necessitam de tratamento multidisciplinar sob a supervisão de um médico e acompanhamento fonoaudiológico e fisioterápico ou de um educador físico.

O músculo foi feito para contrair e relaxar, foi feito para o movimento. Mal usado, atrofia por desuso; usado em excesso também se ressente. Como a esclerose lateral amiotrófica é uma doença que se manifesta com frequência nas pessoas submetidas a atividades físicas intensas, por exemplo, os atletas e os trabalhadores braçais, é preciso intervir com cuidado para que mantenham a atividade física sem consumo excessivo da musculatura.

O avançar da doença traz consigo a dificuldade para falar e deglutir líquidos e a própria saliva. O trabalho do fonoaudiólogo é ensinar o doente a utilizar melhor os recursos para a expressão da linguagem e para deglutir de forma adequada, a fim de evitar engasgos e a entrada de alimentos na árvore brônquica. Por outro lado, assegurar que ele consiga alimentar-se convenientemente evita a perda de peso que pode agravar o quadro.

Drauzio – Em que medida é possível conseguir isso?

Acary S. Bulle Oliveira – É possível conseguir por um tempo razoável mesmo nas situações limitantes. Atualmente, na Escola Paulista de Medicina, existem vários pacientes com esclerose lateral amiotrófica que estão sendo acompanhados desde o início da doença. Alguns apresentam dificuldade respiratória. Num passado recente, os indivíduos com esse sintoma tinham de ser internados num hospital para usar um respirador. Agora, existe um respirador domiciliar chamado CPAP, que permite ao paciente continuar trabalhando pelo menos algumas horas por dia.

A fase final da doença muitas vezes é complicada, porque a pessoa tem dificuldade para falar, deglutir e respirar, mas as outras funções e a parte cognitiva permanecem íntegras.
Alguns indivíduos não conseguem falar, mas conseguem manter comunicação visual e já existem programas de computador acionados pelo olhar. No último congresso internacional em Dublin, na Irlanda, foi apresentado um trabalho de robótica com estimulador elétrico na área cerebral que coletava a informação e acionava um computador ao qual estava acoplado um braço mecânico, o que permitia não só estabelecer a comunicação como também executar algumas atividades.

REAÇÃO DIANTE DA DOENÇA

Drauzio – Como reage uma pessoa de 40 anos diante do sofrimento de perder progressivamente os movimentos até chegar ao extremo de não conseguir respirar nem deglutir direito, mas que continua com a função intelectual perfeita?

Acary S. Bulle Oliveira - Seu amigo que não conseguiu bater o pênalti, com certeza, é uma pessoa ótima, dócil, alegre, como é a grande maioria dos portadores da doença. A gente se apaixona por eles, porque têm muito a oferecer. Estão sempre lutando pela vida e procurando alternativas para enfrentar as dificuldades do dia a dia. Isso contagia quem convive com eles e todos acabam se engajando na sua luta, o que torna a relação médico-paciente muito rica.

Outro aspecto interessante é que essas pessoas aparentemente não abandonam as convicções religiosas.

Drauzio – Elas já eram assim antes da doença, ou foi a doença que as fez reagir desse jeito?

Acary S. Bulle Oliveira – Um trabalho publicado recentemente por um grupo alemão, utilizando ressonância magnética funcional, mostrou brilho intenso na área do sentimento dessas pessoas. Parece que isso nada tem a ver com a doença. Parece que elas nasceram assim.

PREGUNTAS ENVIADAS POR E-MAIL

Maria Cândida Espiridião – Recife/PE – A cãibra da esclerose lateral é parecida com a cãibra que as pessoas sentem em determinadas situações?

Acary S. Bulle Oliveira – Em linhas gerais, a cãibra é uma contração muscular provocada pelo estímulo elétrico que passa da medula para o nervo e alcança a musculatura. Pode-se dizer que 95% das pessoas sentem cãibra, ora numa, ora noutra região do corpo, quando fazem atividade física intensa. Cãibra isolada não é sinal de ELA.
A cãibra da esclerose lateral amiotrófica é mais frequente e aparece na panturrilha, no pé, na mão ao mesmo tempo e está associada a outros sintomas da doença.

Lucas Ribeiro da Silva – Guarulhos/SP – Que tipo de exercício físico é mais indicado para os pacientes com ELA?

Acary S. Bulle Oliveira – O mais indicado é o que não cansa o paciente. É o que lhe dá prazer, sem que sinta cansaço ou dor.

Adalberto Ferreira – São Paulo/SP – De que forma os familiares podem ajudar um paciente já em estágio mais avançado da doença?

Acary S. Bulle Oliveira – Quando falamos em esclerose lateral amiotrófica, estamos falando do binômio paciente e cuidador. O cuidador terá de aprender técnicas médicas, psicológicas, de enfermagem, de terapia ocupacional, fonoaudiológicas, além de estar atento à parte jurídica e aos anseios religiosos.
O interessante é que o paciente costuma sofrer menos do que o cuidador. Se os familiares quiserem ajudá-lo, têm de estar por perto, tentando sempre não sofrer demais com a dor do outro. Todos nascemos marcados por uma sentença de morte, mas vivemos sem pensar muito nela. Então, por que passar para o portador de ELA a idéia de que sua sentença vai ser executada no dia seguinte, dali um mês ou três meses depois, se temos surpresas enormes quando fazemos tais prognósticos?
Dr.Drauzio Varella