sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

domingo, 25 de dezembro de 2011

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Esperança

Meu nome é Esperança
Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano, vive uma louca chamada Esperança. E ela pensa que quando todas as sirenas, todas as buzinas, todos os reco-recos tocarem, atira-se. E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada. Outra vez criança... E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá. (É preciso dizer-lhes tudo de novo!) Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...
(Mário Quintana, em “Nova Antologia Poética”. Ed.Globo, 1998

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

domingo, 18 de dezembro de 2011

sábado, 17 de dezembro de 2011

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

sábado, 10 de dezembro de 2011

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Prazer Compulsivo

Para o cérebro, toda recompensa é bem-vinda, venha ela de uma droga ilícita ou da experiência vivida. Sempre que os neurônios dos centros encarregados de reconhecer recompensas são estimulados repetidamente por substâncias químicas ou vivências que confiram sensação de prazer, existe risco de um cérebro vulnerável ficar dependente delas e desenvolver uma compulsão. Por isso, tanta gente bebe, fuma, cheira cocaína, perde casa em jogo de baralho, come demais, faz sexo sem parar, compra o que não pode pagar e levanta peso compulsivamente nas academias.

A palavra dependência vem sempre associada às drogas químicas, ao desespero do dependente para consegui-las, ao aumento da tolerância às doses crescentes e à crise de abstinência provocada pela ausência delas na circulação. A tríade compulsão-tolerância-abstinência, no entanto, não é obrigatória mesmo no caso de substâncias dotadas de alto poder de adição.

A cocaína, por exemplo, droga de uso altamente compulsivo, causa síndromes de abstinência relativamente discretas, desde que o usuário não entre em contato com a droga ou com alguém sob o efeito dela. Apesar de causar dependência, a maconha muitas vezes é consumida esporadicamente, sem que o usuário apresente crises de abstinência dignas de nota. Doentes que tomam morfina para combater dores fortes, em menos de 3% dos casos, desenvolvem obsessão pelo medicamento quando as dores param.

Toda vez que o cérebro é submetido a estímulos repetitivos carregados de conteúdo emocional, os circuitos de neurônios envolvidos em sua condução se modificam para tentar perpetuar a sensação de prazer obtida.

Esse mecanismo, conhecido como neuroadaptação, é arcaico. Quando a abelha penetra uma flor e sente o prazer de encontrar o alimento desejado, é liberado, em seu cérebro, um neurotransmissor chamado octopamina. Quando um adolescente fuma maconha ou cheira cocaína, ocorre, nas terminações nervosas de certas áreas cerebrais, aumento na concentração de dopamina. A semelhança de nomes entre ambos os neurotransmissores traduz a proximidade da estrutura química existente entre as duas moléculas. Apesar de as abelhas terem divergido da linhagem que nos deu origem há mais de 300 milhões de anos, os mediadores da sensação de prazer são quase os mesmos nas duas espécies.

Na seleção natural das espécies, levaram vantagem reprodutiva aquelas que desenvolveram mecanismos de recompensa ao prazer com o objetivo de criar a necessidade de buscar sua repetição. Para o organismo, em princípio, tudo o que traz bem-estar é bom e deve ser repetido. Se não fosse assim, nós nos esqueceríamos de nos alimentar, de fazer sexo ou de procurar a temperatura mais agradável na hora de dormir.

Os estudos para entender o mecanismo de neuroadaptação em resposta aos estímulos repetitivos de prazer levam a crer que os neurônios se organizem em circuitos que convergem para estações cerebrais situadas nas proximidades dos centros que coordenam memórias e emoções. Neurônios situados nessas estações ligadas à recompensa estabelecem conexões com outros que convergem para o chamado centro da busca. Estes, quando ativados, interferem no comportamento, criando forte sensação de ansiedade para induzir o corpo a buscar a repetição do prazer. Por isso o fumante sai da cama atrás de um bar para comprar cigarro, o alcoólatra bebe no horário de trabalho e o craqueiro pede esmola para comprar a droga.

Por um capricho da natureza, entretanto, a estimulação repetida do centro do prazer pode provocar ativação irreversível do centro da busca, de modo que este permanece estimulado mesmo quando o uso da droga já não traz mais prazer nenhum. Em outras palavras, o prazer repetido à exaustão pode disparar o centro da busca irreversivelmente.

É frequente entre os usuários crônicos de drogas o aparecimento de quadros persecutórios em que o dependente imagina ser perseguido pela polícia ou por algum desafeto. No caso da cocaína, da heroína, do crack, da morfina ou do álcool, não é raro surgirem alucinações em que o usuário vê bichos na parede e inimigos embaixo da cama. Nessa fase da adição, nem o dependente é capaz de entender o que o leva a tomar outra dose e a repetir experiência tão dolorosa. O centro da busca assumiu o controle; obriga o dependente a ir atrás de um prazer que não existe mais.

Esse mecanismo neuroadaptativo, associado à tolerância que o organismo desenvolve a doses crescentes de qualquer droga administrada repetidas vezes, constrói a armadilha que aprisiona tantas pessoas no inferno da dependência química. A primeira cerveja deixa o adolescente bêbado; depois de alguns anos, é preciso tomar meia dúzia para obter efeito semelhante. A primeira cachimbada de crack tira de órbita e faz o ouvido zumbir durante meia hora, mas, após alguns dias de uso, o efeito dura menos de um minuto. Pela mesma razão, todo usuário crônico de maconha se queixa equivocadamente de que não existem mais baseados como aqueles de antigamente.

Em artigo publicado na revista “Science“, um grupo seleto de neurocientistas mostra que, por trás do consumo de drogas, das compulsões alimentares, sexuais ou de fazer compras, da cleptomania e do vício do jogo ou de fazer exercícios exageradamente, existe um mecanismo comum de neuroadaptação.
Dr.Draúzio Varela

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Cirrose

Cirrose é uma doença crônica do fígado que se caracteriza por fibrose e formação de nódulos que bloqueiam a circulação sanguínea. Pode ser causada por infecções ou inflamação crônica dessa glândula. A cirrose faz com que o fígado produza tecido de cicatrização no lugar das células saudáveis que morrem. Com isso, ele deixa de desempenhar suas funções normais como produzir bile (um agente emulsificador de gorduras), auxiliar na manutenção dos níveis normais de açúcar no sangue, produzir proteínas, metabolizar o colesterol, o álcool e alguns medicamentos, entre outras.

A cirrose é mais comum em homens acima dos 45 anos, mas pode acometer também as mulheres. O uso abusivo de álcool fez crescer o número de portadores da doença nos últimos anos.

Causas

O abuso do álcool é a principal causa da cirrose. Como o fígado é responsável pela metabolização dessa substância, quando exposto a doses excessivas de álcool, sofre danos em seus tecidos vitais que comprometem seu funcionamento.

Também são causas de cirrose as hepatites crônicas provocadas pelos vírus B e C, pelo uso de determinados medicamentos e pela hepatite auto-imune.

Sintomas

Os principais sintomas da cirrose são: náuseas, vômitos, perda de peso, dor abdominal, constipação, fadiga, fígado aumentado, olhos e pele amarelados (icterícia), urina escura, perda de cabelo, inchaço (principalmente nas pernas), ascite (presença de líquido na cavidade abdominal), entre outros. Em casos mais avançados pode ocorrer a encefalopatia hepática (síndrome que provoca alterações cerebrais provocadas pelo mau funcionamento do fígado).

No entanto, durante muito tempo a doença pode evoluir sem causar sintomas.

Tratamento

Cirrose é um processo patológico irreversível que pode ser fatal. Portanto, é importante fazer o diagnóstico precoce para iniciar o mais depressa possível o tratamento que pode adiar ou evitar que surjam complicações mais graves.

A primeira coisa a fazer diante do diagnóstico de cirrose é eliminar o agente agressor, no caso de álcool e drogas, ou combater o vírus da hepatite.

Para casos mais graves, o transplante de fígado pode ser a única solução para a cura definitiva da doença.

Fatores de Risco

* Uso excessivo de álcool;

* Infecção pelos vírus da hepatite B ou C;

* Algumas doenças genéticas (por exemplo, Doença de Wilson);

* Hepatite auto-imune;

* Cirrose biliar primária.

Recomendações

* Evite o uso abusivo de álcool;

* Utilize preservativo nas relações sexuais e seringas descartáveis para evitar a contaminação pelos vírus das hepatites B e C;

* Não descuide do tratamento para as hepatites B e C crônicas a fim de que não provoquem cirrose;

* Procure vacinar-se contra hepatite B para evitar o risco de contrair essa doença.
Dr.Draúzio Varella

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

domingo, 4 de dezembro de 2011

sábado, 3 de dezembro de 2011

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

O Espirito do Natal...

O Espírito do Natal

Deixa eu ver se o espírito do natal já está na sua casa.
Não, não quero ver a árvore iluminada na sala,
Nem quero saber quanto você já gastou de presentes.

Quero sim, sentir no ambiente a mensagem viva do aniversariante
Desse dezembro mágico: toda a família está unida?
O perdão já eliminou aquelas desavenças que ocorrem no calor de nossas vidas?

Não quero ver a sua despensa cheia, quero saber se você conseguiu doar
Alguma coisa do que lhe sobra, para quem tem tão pouco, às vezes nada.

Não exiba os presentes que você já comprou, mesmo com sacrifício,
Quero ver aí dentro de você a preocupação com aqueles que esperam tão pouco,
Uma visita, um telefonema, uma carta, um e-mail...

Quero ver o espírito do Natal entre pais que descobrem tempo para os filhos,
Em amigos que se reencontram e podem parar para conversar,
No respeito do celular desligado no teatro, na gentileza de quem oferece
O banco para o mais idoso, na paciência com os doentes, na mão que apóia o deficiente
Visual na travessia das ruas, no ombro amigo que se oferece para quem anda meio triste, perdido.

Quero ver o espírito de Natal invadindo as ruas, respeitando os animais,
A natureza que implora por cuidados tão simples, como não jogar
Papel no chão, nem o lixo nos rios.
Não quero ver o Natal nas vitrines enfeitadas, no convite ao consumo,
Mas no enfeite que a bondade faz no rosto das pessoas generosas.

Por fim, mostre-me que o espírito do Natal entrou definitivamente
Na sua vida, através do abraço fraterno, da oração sentida,
Do prazer de andar sem drogas e sem bebidas, do riso franco,
Do desejo sincero de ser feliz e de tão feliz, não resistir ao desejo
De fazer outras pessoas, também felizes.

Deixe o Natal invadir a sua alma, entre os perfumes da cozinha
Que se vai encher de comidas deliciosas, no cheiro da roupa
Nova que todos vão exibir, abrace-se à sua família
E faça alguns minutos de silêncio, que será como uma oração
Do coração, que vai subir aos céus, e retornar com um presente
Eterno, duradouro: o suave perfume de Jesus, perfume de paz,
Amor, harmonia e a eterna esperança de que um dia, todos os
Dias serão como os dias de Natal.

Feliz Natal para você e para os seus!
Autor: Paulo Roberto Gaefke

terça-feira, 29 de novembro de 2011

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

domingo, 27 de novembro de 2011

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

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terça-feira, 22 de novembro de 2011

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sexta-feira, 18 de novembro de 2011

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

domingo, 13 de novembro de 2011

sábado, 12 de novembro de 2011

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Maconha

Embora do ponto de vista científico não esteja claro que a maconha possa provocar dependência química, não existe consenso popular da existência ou não dessa dependência. Muitos defendem tratar-se de uma droga que não vicia e que a dependência é meramente psicológica. Outros asseguram que vicia sim e, por isso, deve ser mantida na ilegalidade. Há os que acreditam não ter cabimento prender um adolescente por estar portando um cigarro de maconha o que no Brasil, assim como em muitos outros países, é considerado crime.

Desse modo, certas correntes advogam que a maconha deve ser descriminalizada, mas não legalizada, enquanto outras defendem sua legalização, baseando-se no fato de que drogas como o álcool e a nicotina são utilizadas e vendidas com total liberdade, apesar de ninguém ignorar que causam mal à saúde.

É importante, então, esclarecer como a maconha age no organismo. Assim que a fumaça é aspirada, cai nos pulmões que a absorvem rapidamente. De seis a dez segundos depois, levados pela circulação, seus componentes chegam ao cérebro e agem sobre os mecanismos de transmissão do estímulo entre os neurônios, células básicas do sistema nervoso central. Os neurônios não se comunicam como os fios elétricos, encostados uns nos outros. Há um espaço livre entre eles, a sinapse, onde ocorrem a liberação e a captação de mediadores químicos. Essa transmissão de sinais regula a intensidade do estímulo nervoso: dor, prazer, angústia, tranquilidade.

As drogas chamadas de psicoativas interferem na liberação desses mediadores químicos, modulam a quantidade liberada ou fazem com que eles permaneçam mais tempo na conexão entre os neurônios. Isso gera uma série de mecanismos que modificam a forma de enxergar o mundo.

O INTRIGANTE PROBLEMA DA DEPENDÊNCIA

Drauzio – Considerando sua larga experiência sobre o tema, qual sua opinião sobre a capacidade de a maconha causar dependência?

Elisaldo Carlini – Quanto ao problema da dependência, é importante considerar as conclusões de alguns estudos sobre o fenômeno da dependência. Pode parecer incrível, mas há trabalhos descritos na literatura sobre a dependência, por exemplo, da cenoura. As pessoas comem tanta cenoura que ficam com a pele amarelada e, por alguma razão, impedidas de comer, entram em crise de abstinência. Há também descrição de dependência, inclusive com síndrome de abstinência, entre pessoas que tomam placebo, substância inócua que não deveria causar alteração nenhuma nesse mecanismo.
Em relação à maconha, há casos registrados de dependência, mas eles não são freqüentes, se considerarmos a imensa população mundial de usuários. Além disso, comparada com outras drogas, a maconha é muito menos indutora de dependência química.

Drauzio – Não será esse o ponto? Fala-se que a maconha não induz dependência porque se compara com outras drogas mais indutoras?

Elisaldo Carlini – Pode ser o ponto, mas se colocarmos a maconha no mesmo saco que as outras drogas, corremos o risco de desacreditar as mensagens de alerta em relação à cocaína, heroína, etc. “Ah, já fumei maconha várias vezes e está tudo bem comigo. Se é tudo igual, posso usar as outras sem preocupação”.

LEGALIZAÇÃO E DESCRIMINALIZAÇÃO DA MACONHA

Drauzio – Como você encara a legalização da maconha?

Elisaldo Carlini – Sou totalmente contra o uso e a legalização da maconha. No entanto, é necessário distinguir legalização de descriminalização. Quando falo em descriminalizar, não estou me referindo à droga. Estou me referindo a um comportamento humano, individual, que atinge o social. Quando falo em legalizar, falo de um objeto. Posso legalizar, por exemplo, o uso de determinado medicamento clandestino ou de um alimento qualquer desde que prove que eles não são prejudiciais à saúde.

Como a maconha faz mal para os pulmões, acarreta problemas de memória e, em alguns casos, leva à dependência, não deve ser legalizada. O que defendo é a descriminalização de uma conduta. Veja o seguinte exemplo: se alguém atirar um tijolo e ferir uma pessoa, não posso culpar o tijolo. Só posso criminalizar a conduta de quem o atirou. A mesma coisa acontece com a maconha. O problema é criminalizar seu uso e assumir as consequências da aplicação dessa lei.

Nos Estados Unidos, num único ano, 600.000 pessoas foram detidas e processadas por posse de maconha e o sistema de justiça americano acabou não fazendo outra coisa do que julgar jovens que, na maioria das vezes, não haviam cometido nenhum outro deslize e ficavam marcados por uma ficha criminal que os prejudicava na hora de conseguir um emprego, por exemplo, e de tocar a vida. Diante disso, vários estados americanos optaram por descriminalizar o uso da maconha. O mesmo fizeram o Canadá e alguns países da Europa, entre eles Portugal. O importante não é punir um comportamento. É corrigi-lo. Para tanto, deve existir um programa eficiente de prevenção e de educação para que a pessoa evite consumir essa ou qualquer outra droga.

Repetindo, sou contra o uso e a legalização, mas favorável à descriminalização da maconha.

Drauzio – Seguindo essa linha de pensamento, você também é contra a legalização do álcool, uma droga com impacto social pior do que o da maconha?

Elisaldo Carlini – Não sou contra a legalização do álcool, porque vivemos uma situação de fato em que seu uso social é aceito e está consagrado. Os resultados da famosa Lei Seca americana já provaram que é impossível proibir o uso do álcool e que, se o fizermos, o tiro pode sair pela culatra.

Não acontece o mesmo com a maconha. A não ser em restritas áreas do mundo, seu uso marginal não é aceito socialmente. Legalizá-la significaria torná-la disponível e sujeita a campanhas de publicidade que estimulariam seu consumo. No entanto, não tenho dúvida de que, se ele continuar crescendo, a sociedade terá de enfrentar no futuro o problema da legalização, porque não adianta lutar contra algo imposto pelo comportamento da população em geral.

Por isso, no momento, é preciso empenhar todos os esforços para desenvolver um programa educacional eficiente visando a impedir o aumento do consumo e, quem sabe, até mesmo baixá-lo, já que muito jovem fuma maconha para transgredir a ordem estabelecida. De certa forma, parece que a transgressão faz parte da vida dos adolescentes.

Numa conferência a que assisti recentemente na Universidade Federal de São Paulo sobre descriminalização ou não da maconha, um professor da Bahia colocou a importância da transgressão na formação da personalidade e citou Adão e Eva, os primeiros transgressores da lei, que não respeitaram a proibição divina e comeram a maçã proibida.

AÇÃO DA MACONHA NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL

Drauzio – Como age a maconha no sistema nervoso central? O que explica que algumas pessoas experimentem uma sensação de paz e tranquilidade, enquanto outras se queixem de delírios persecutórios?

Elisaldo Carlini – As viagens boas predominam sobre as alucinações, delírios persecutórios, medos avassaladores. Se não fosse assim, o uso da maconha não seria tão difundido.

Até 1964, quando foi encontrado e isolado o tetraidrocanabinol (THC), sequer se conhecia o princípio ativo dessa planta. Tal descoberta deu lugar a dois questionamentos. Primeiro: se existe o THC, uma substância pura que age no cérebro, nele deve existir um receptor programado para recebê-la. Segundo: se esse receptor existe, nós devemos produzir espontaneamente uma espécie de maconha interna para atuar sobre ele. O passo seguinte foi descobrir que todos os cérebros fabricam uma substância endógena, uma espécie de maconha interna que foi chamada de anandamida, palavra que em sânscrito quer dizer bem-aventurança. Disso resultou uma série enorme de cogitações científicas. Por exemplo: se todos têm um sistema canabinoide que age no cérebro, será que doenças mentais não poderiam resultar de alterações no funcionamento desse sistema?

Outro aspecto que está sendo muito discutido é a relação entre esquizofrenia e os grandes usuários de maconha. Muitos estudiosos levantam a hipótese de que não são as pessoas comuns que se tornam dependentes. Seriam as portadoras dessa doença que desenvolveriam extrema dependência da droga na tentativa de automedicar-se sem ter o conhecimento exato do que estão fazendo.

Na esquizofrenia, existem algumas características chamadas de sintomas negativos. Os pacientes apresentam grande achatamento do afeto. Não vibram com nada. Morrer a mãe ou ganhar um prêmio na loteria dá no mesmo, pois são incapazes de serem tocados pelas emoções e isso faz falta para o ser humano que precisa estabelecer relacionamentos afetivos e experimentar alegrias e tristezas. Parece que a maconha estimula a evocação de sentimentos e sensações que essas pessoas desconheciam e disso decorreria enorme dependência. Com base nesses dados, está sendo estabelecida nova teoria sobre os efeitos da maconha.

GRAU DE DEPENDÊNCIA DA DROGA

Drauzio – Os usuários costumam queixar-se da qualidade da maconha atual. Será que a droga perdeu realmente a qualidade ou, à medida que vai sendo usada, induz tolerância e são necessárias doses cada vez mais altas para produzir o mesmo efeito?

Elisaldo Carlini – Isso depende. É verdade que há indivíduos que ficam dependentes da maconha, mas quero frisar que essa não é a regra geral, não é o que mais preocupa. Fiz parte de um grupo da Organização Mundial de Saúde que estudou o problema do uso cultural da maconha e tive a oportunidade de verificar que grande número de pessoas não se torna dependente. Vi, por exemplo, em Atenas, na Grécia, estivadores saírem do porto no final da tarde e se reunirem nos bares para fumar haxixe, uma forma concentrada de maconha, como se estivessem tomando o chá das cinco. Os psiquiatras gregos que nos acompanhavam comentaram que se tratava de um encontro meramente social repetido todos os dias e que não havia indicação de dependência da droga nessas pessoas.

Além disso, a maconha foi considerada um medicamento valioso no século XIX e nos primeiros 30 ou 40 anos do século XX. Nas farmacopeias americana, inglesa, brasileira, e nos livros de medicina dessa época, é possível encontrar receitas de maconha para uma série de distúrbios. A maconha tem esse lado contraditório. A literatura está repleta de trabalhos sobre as misérias humanas e sobre os benefícios terapêuticos, que não são poucos, que essa droga produz. Por exemplo, nos casos de esclerose múltipla e de dores neuropáticas, seu efeito não é desprezível.

MACONHA E MEMÓRIA

Drauzio – E em relação à memória, qual é o efeito da maconha ?

Elisaldo Carlini- Em relação à memória, o efeito da maconha é bastante curioso e foi muito estudado em nosso departamento. Ela bloqueia a memória de curto prazo, isto é, a memória de pequena duração da qual precisamos num determinado instante e da qual nos desfazemos em seguida. Por exemplo: ao ouvir os números de um telefone, se tivermos que procurar papel e lápis para anotá-los, eles se esvairão de nossa memória e seremos obrigados a pedir que sejam repetidos, o que não acontecerá se tomarmos nota imediatamente.

No entanto, muitas pessoas costumam queixar-se de lapsos de memória quando fumam maconha. Foi o que aconteceu com uma moça que trabalhava no PBX de um hotel e não conseguia completar as transferências de ligação porque se esquecia do número pedido segundos antes, o que não ocorria se não estivesse sob o efeito da droga, e com o jovem bancário que, mal acabava de atender um cliente no balcão, se esquecia do nome que deveria procurar no arquivo.

Esse efeito, que de fato existe, pode trazer grande prejuízo especialmente para os estudantes. Quem vive chapado o tempo todo não consolida a memória de longo prazo, uma vez que ela se solidifica pela repetição do que é registrado na memória de curto prazo. Trata-se, porém, de um efeito transitório que desaparece quando a pessoa se afasta da droga.

Existe outro efeito curiosíssimo da maconha: ela diminui a taxa de testosterona circulante nos homens e reduz o número de espermatozoides, embora não os faça desaparecer completamente. Não interfere na libido, mas, se o homem quiser ter filhos, fumar maconha é mal negócio. Num congresso nos Estados Unidos, levantou-se até a possibilidade, não comprovada, de que seu uso constante pudesse representar o primeiro anticoncepcional masculino. Nesse caso, também, suspendendo-se o uso, a produção de espermatozoides volta ao normal.

APLICAÇÃO TERAPÊUTICA DA DROGA

Drauzio – Os grandes usos médicos da maconha são inibir o vômito na quimioterapia, reduzir a pressão intraocular nos casos de glaucoma e melhorar o apetite de doentes com AIDS em estágio avançado. Com exceção da esclerose múltipla, para todas essas outras situações existem drogas muito melhores do que a maconha, mais potentes e com eficácia comprovada. Você não acha que esse uso medicinal amplo exige um conjunto de informações que ainda não dominamos completamente?

Elisaldo Carlini – Na verdade, existem drogas mais modernas e mais ativas para serem indicadas nesses casos. No entanto, sabemos que não há medicamento eficaz em 100% dos pacientes. Mesmo a morfina não consegue produzir analgesia suficiente em todos os quadros dolorosos. Considerando que, no controle da náusea e do vômito resultante da quimioterapia, o efeito da maconha é digno de nota, não faz sentido restringir seu uso na parcela da população com câncer que poderia beneficiar-se dela quando não responde satisfatoriamente às outras drogas.

O efeito da maconha está também descrito e comprovado em relação ao aumento do apetite dos pacientes caquéticos com AIDS e câncer. Aliás, o poder orexígeno da maconha é inquestionável. Ela realmente desperta o apetite.

No que se refere à esclerose múltipla, trabalho patrocinado por dois grandes laboratórios e recém terminado na Inglaterra descreve o bom resultado da indicação da maconha, ministrada por via nasal, isto é, por inalação de dois ou três de seus componentes, no alívio das dores espásticas e neuropáticas.

Isso confirma as observações do passado e abre novas perspectivas. A Holanda, por exemplo, já comunicou à ONU que está admitindo a plantação de maconha para fins comerciais e terapêuticos em fazendas monitoradas pelo governo, uma vez que doze mil pessoas dependem dela para tratamento médico e que o país pretende exportar o cigarro no futuro. A propósito, gostaria de citar que, em 1905, a Gazeta Médica de São Paulo publicava um encarte de propaganda a respeito de cigarros de maconha importados da França: “Cigarros Índios (outro nome da maconha) importados da França”.

QUESTIONANDO A METODOLOGIA

Drauzio – Você não acha que do ponto de vista metodológico, esse tipo de trabalho científico para provar a eficácia da droga fumada não tem paralelo, porque a absorção é muito variável, depende da profundidade da tragada, do tempo e da quantidade de fumaça que permanece no pulmão? Por outro lado, quando se usa a maconha em comprimido, que seria a forma de controlar a dose, sua absorção é errática, varia muito de uma pessoa para outra.

Elisaldo Carlini – Você tem toda a razão, tanto que o que está para ser aprovado e comercializado em alguns países do mundo é o princípio ativo da maconha, o THC. Já existe uma substância comercializada por um laboratório americano, que se toma por via oral e cuja concentração do princípio ativo pode ser controlada. Entretanto, parece que essa não faz o mesmo efeito dos cigarros de maconha. Talvez a explicação para tal resultado esteja na superfície dos alvéolos pulmonares que mede mais ou menos 80 m², o equivalente a área de uma quadra de tênis. Consequentemente, a capacidade de absorção nessa região deve ser imensa e justifica a administração de vários medicamentos por inalação. Quanto ao cigarro de maconha, a absorção dos componentes deve variar muito, porque depende de sua concentração na fumaça que se aspira em cada tragada.

EXPERIÊNCIA EM OUTROS PAÍSES

Drauzio – Fale sobre a experiência holandesa de legalização da maconha, porque na Holanda pode-se fumar maconha em qualquer lugar.

Elisaldo Carlini – Na Holanda, você pode fumar em qualquer lugar e existem free-shoppings, na verdade, centros urbanos em que se chega de carro e se compra a droga tranquilamente. Isso acabou se transformando num problema sério na fronteira da Holanda com a Alemanha, porque caravanas de outros países se dirigiam a essas cidades atraídas pela facilidade de obtenção da maconha.

Outro fato interessante é que, nos bares holandeses onde se fuma maconha, são mal recebidos os usuários de outras drogas, como cocaína ou heroína, por exemplo. Na verdade, o ingresso dessas pessoas é praticamente proibido pela clientela que freqüenta esses lugares. Além disso, como já mencionamos, a mensagem de transformar o cigarro de maconha em medicamento partiu do poder executivo.

Drauzio – Como você vê a situação nos outros países?

Elisaldo Carlini – No Canadá, aconteceu o contrário. O parlamento recomendou ao governo central não só a descriminalização, mas também a legalização da maconha, argumentando que ela faz menos mal do que o álcool e o cigarro e que o judiciário está sobrecarregado atendendo a enorme população de jovens usuários dessa droga que ficam marcados por possuir uma ficha criminal.

Se a polícia, no Brasil, tivesse a mesma eficiência da canadense, por exemplo, o número de prisões e processos envolvendo usuários de maconha seria surpreendentemente assustador. Levando em consideração que numa rave dance na periferia de São Paulo – e esse não é o único estado da federação em que isso acontece – milhares de pessoas se reúnem para consumir ecstasy, pode-se concluir que nossas estatísticas estão subestimadas. No entanto, os profissionais que discutem essa realidade não têm vivência prática para entender a magnitude do problema. O parlamento peruano enviou recentemente para o executivo um projeto legalizando o uso da folha de coca. O governo do Peru, incomodado com a deliberação, comunicou-a às Nações Unidas que vai ter de pronunciar-se sobre o assunto.

RELAÇÃO ENTRE MACONHA E VIOLÊNCIA

Drauzio – Na Casa de Detenção, os guardas de presídio lembravam com saudade do tempo em que só a maconha circulava pela cadeia porque o pessoal era menos agressivo e violento. Como se explicam, então, esses casos de violência familiar atribuídos ao uso da maconha?

Elisaldo Carlini – A imprensa tem falado muito sobre o assunto e, às vezes refere-se à maconha, às vezes, à cocaína. No entanto, não acredito sob hipótese alguma que essas drogas sejam capazes de gerar violência patológica, violência assassina, se a tendência já não existir dentro do usuário. A droga irá possibilitar, apenas, que determinadas características pessoais aflorem e se manifestem.

No livro “Casa Grande e Senzala”, que comenta a formação socioeconômica do nordeste, o autor Gilberto Freire relata que os donos de engenho davam bastante maconha para os escravos porque sob sua ação a senzala ficava em paz. Isso não vai contra o que sabemos hoje sobre maconha e violência: aparentemente a relação, se houver, é negativa, isto é, as pessoas não se tornam mais agressivas do que naturalmente são.

THC MIMETIZA A ANANDAMIDA

Drauzio – O que acontece quando os componentes ativos da maconha chegam ao cérebro?

Elisaldo Carlini – Em várias áreas do nosso cérebro existem os chamados receptores para a maconha, localizados na superfície dos neurônios sobre os quais a droga irá atuar.
Observando a imagem do cérebro (figura 1) em que as linhas azuis representam um sistema de neurônios que fabrica uma substância chamada dopamina, isto é, um neurotransmissor que nosso cérebro produz e está representado pelas bolinhas localizadas dentro do neurônio (em vermelho na figura 2). Quando se processa o estímulo nervoso, as moléculas do

s neurotransmissores são liberadas e vão atuar no neurônio receptor (em amarelo na figura 2). Se substituirmos a dopamina citada como exemplo pelo neurotransmissor anandamida, teremos idéia do processo de funcionament

o dos componentes ativos da maconha no cérebro, pois o THC existente no cigarro de maconha faz as vezes da anandamida e age diretamente sobre seus receptores em diferentes áreas cerebrais.

No sistema límbico, que controla a emoção e funções psíquicas superiores, pode provocar sonhos, alucinações ou sensação de paz e de angústia.

PLANTA ORIGINÁRIA DA ÁFRICA

Drauzio – De onde é originária a maconha?

Elisaldo Carlini – A maconha é originária da África. No entanto, talvez a mais antiga referência à planta e a seu uso como medicamento esteja no primeiro herbário construído no mundo, uma coleção de plantas de um imperador chinês, e num livro de Medicina escrito na China no ano 7000 aC.

Na época das Cruzadas, espalhou-se a crença de que a maconha ou haxixe que os muçulmanos fumavam geraria a agressividade com que combatiam os cristãos que queriam libertar Jerusalém.

O primeiro registro sobre o uso da maconha em nossa língua data de 1564 e foi escrito por um português. Um sultão, parece que amigo de Martin Afonso de Souza, contou-lhe que, quando queria ir à Pérsia, à China ou ao Brasil, fumava um pouco dessa droga.
Dr.Drauzio Varella

sábado, 5 de novembro de 2011

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

domingo, 30 de outubro de 2011

sábado, 29 de outubro de 2011

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Problemas de pele

De acordo com o dermatologista do Hospital Albert Einstein, Mário Grinblat, tanto o eczema atópico quanto a psoríase podem ser localizados ou disseminados. A psoríase é uma manifestação inflamatória em que o processo de renovação celular é acelerado. O eczema, ou dermatite atópica, por outro lado, está ligado à predisposição à asma ou rinite alérgica. Entenda as diferenças destes problemas tão comuns de pele.

Eczema
Também conhecida como dermatite atópica, é uma doença que causa coceira e inflamação na pele. Normalmente, afeta dobras de joelhos e cotovelos, rosto, mas também pode cobrir a maior parte do corpo. Eczema atópico geralmente ocorre em pessoas que têm uma tendência atópica. Isso significa que eles podem desenvolver uma ou as três condições, que estão estreitamente ligadas: dermatite atópica, asma e rinite alérgica. Essas doenças geralmente aparecem antes dos três anos de idade e muitas vezes continuam ao longo da vida. O eczema não é contagioso. Estudos indicam que as doenças atópicas são geneticamente determinadas ou herdadas. Uma criança com um pai que tem uma condição atópica tem uma chance em quatro de ter alguma forma de doença atópica.
Conheça os problemas mais comuns de pele: eczema e psoríase - Foto: Getty Images

O eczema geralmente aparece nas seguintes circunstâncias: quando a pele entra em contato com qualquer substância irritante como sabão ou alvejante, quando é exposta à água por muito tempo sem que se aplique um hidratante em seguida, quando há mudanças sazonais ou de umidade. Os sintomas incluem pele seca, descamação e coceira, fendas atrás da orelha, vermelhidão no rosto, braços e pernas que melhoram e pioram alternadamente. Durante as erupções podem se desenvolver úlceras com secreções e crostas devido ao ato de coçar ou por infecção.

De acordo com o dermatologista do Hospital Albert Einstein, Mário Grinblat, o tratamento da dermatite atópica pode durar muitos meses e até anos e quase sempre requer: redução da exposição aos fatores desencadeantes (quando possível), uso de emolientes (hidratantes) e esteroides tópicos continuadamente.

Psoríase
"Também é uma doença muito comum, de causa familiar em um terço dos casos", afirma Mário. Ou seja, existe uma tendência pessoal, determinada pela genética, para se desenvolver o transtorno. Segundo o especialista, dois terços da população têm psoríase: uma manifestação inflamatória em que o processo de renovação celular, produção e passagem das células da camada basal (mais profunda) para a córnea (a mais superficial da epiderme) é acelerado. Esta renovação, que normalmente leva um mês, na psoríase ocorre em poucos dias, porque as células se movem rápido demais.

Na maioria dos casos, a psoríase provoca manchas de pele grossa, vermelha, com escamas esbranquiçadas. Estas placas podem causar coceira ou dor e aparecem com mais facilidade nos cotovelos, joelhos e outras partes das pernas, couro cabeludo, parte inferior das costas, rosto, palmas das mãos e solas dos pés. Mas também pode ocorrer em outros lugares, incluindo as unhas das mãos e dos pés, genitais e no interior da boca.

Existem algumas opções para tratamento da psoríase. O objetivo é controlar a crise e deixar a pele sem lesões. Infelizmente ainda não há cura definitiva que elimine a tendência a se desenvolver novas placas. O sucesso no tratamento vai depender da gravidade da doença, do tamanho das placas, do tipo de psoríase e de como o paciente reage a determinadas prescrições, que não funcionam da mesma forma para todos.

Casos simples melhoram com cremes, sendo mais comumente prescritos os produzidos com cortisona. Se o número de lesões for maior, pode-se optar por tratamentos mais complexos, como medicamentos por via oral ou banhos de luz.
Mário Grinblat

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Mensagem do dia

O caminho para a felicidade não é reto.

Existem curvas chamadas EQUÍVOCOS,
existem semáforos chamados AMIGOS,
luzes de cautela chamadas FAMÍLIA,
e tudo se consegue se tens: um estepe chamado DECISÃO,
um motor poderoso chamado AMOR,
um bom seguro chamado Fé,
combustível abundante chamado PACIÊNCIA,
mas acima de tudo um motorista habilidoso chamado DEUS!
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Perguntaram a Mahatma Gandhi quais são os fatores que destroem os seres humanos. Ele respondeu:
A Política, sem princípios; o Prazer, sem compromisso; a Riqueza, sem trabalho; a Sabedoria, sem caráter; os negócios, sem moral; a Ciência, sem humanidade; a Oração, sem caridade.
A vida me ensinou que as pessoas são amigáveis​​, se eu sou amável,
que as pessoas são tristes, se estou triste,
que todos me querem, se eu os quero,
que todos são ruins, se eu os odeio,
que há rostos sorridentes, se eu lhes sorrio,
que há faces amargas, se eu sou amargo,
que o mundo está feliz, se eu estou feliz,
que as pessoas ficam com raiva quando eu estou com raiva,
que as pessoas são gratas, se eu sou grato.
A vida é como um espelho: se você sorri para o espelho, ele sorri de volta. A atitude que eu tome perante a vida é a mesma que a vida vai tomar perante mim.
"Quem quer ser amado, ame"

Nas lutas habituais, não exija a educação do companheiro.
Demonstre a sua.
Nas tarefas do bem não aguarde colaboração.
Colabore, por sua vez, antes de tudo.
As suas lágrimas não substituem o suor que você deve verter em benefício da sua própria felicidade."
Gandhi

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

domingo, 23 de outubro de 2011

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Suplementos Alimentares

Os suplementos alimentares estão em alta nas academias. Existem aqueles que prometem aumentar músculos, os que dizem dar mais energia e até os que afirmam eliminar as gordurinhas extras. Mas até que ponto eles são saudáveis e garantem resultados positivos?

"Os suplementos funcionam como um complemento da alimentação. Na maioria dos casos, são indicados para pessoas que apresentam uma carência muito grande de determinado nutriente", explica a nutricionista Camila Garcia, da equipe do setor de Nutrição Preventiva do Hospital do Coração, de São Paulo. "Mas, em geral, uma alimentação equilibrada já faz esse papel, seja para prática de exercícios ou para o dia a dia."

Além disso, os nutrientes mais encontrados nos suplementos podem ser repostos facilmente com um prato de comida bem montado. "A maioria dos suplementos são compostos de carboidratos, proteínas e aminoácidos, que são nutrientes presentes em quantidade suficiente dentro de uma alimentação saudável", diz Camila.

Mas, em alguns casos, eles precisam estar presentes, como explica o triatleta Fabio Keiti."Faz menos de um ano que comecei a fazer uso do suplemento BCAA. Ele protege meu sistema imunológico e ajuda a manter a massa muscular, graças à quantidade de vitaminas e proteínas. Minha alimentação é regulada, mas minha nutricionista resolveu incrementar a dieta já que alguns nutrientes e vitaminas estavam apresentando queda", explica.

Para ganhar músculos
Se o objetivo é ficar com mais músculos, o ideal mesmo é pegar no pesado. Não existe milagre. "Embora muitos suplementos aleguem o benefício de ganhar massa muscular, a única coisa que efetivamente aumenta os músculos é o treinamento. Uma alimentação adequada para o pré e pós-treino é o suficiente para atingir essa meta", explica. Consumir suplementos de proteína pode ajudar. Mas só quando existe uma deficiência do nutriente no organismo ou quando a pessoa não consegue adequar sua alimentação, por ocorrências do dia a dia, por exemplo. Mas, vale lembrar que só uma nutricionista pode fazer esse diagnóstico.

Já o personal trainer, Ivaldo Larentis afirma, que os suplementos também podem ser bem eficientes. "Existem pessoas que não conseguem consumir a quantidade necessária de proteínas no dia a dia, seja por restrições alimentares ou pela falta de tempo, por isso que os suplementos como o Isopro Whey, da Probiótica (o produto contém proteína isolada do soro de leite e não apresenta carboidratos ), podem apresentar resultados positivos", diz o especialista. "Sempre que meus alunos apresentam dificuldade na hora de ganhar músculos, sugiro uma consulta a um nutricionista", diz.

Para emagrecer
Melhor não se iludir e não atribuir às cápsulas o mérito por secar os quilinhos. "Os suplementos apresentam muita água na composição, fato que não afeta em nada a dieta. Além disso, os exercícios já colaboram para perda de peso, o que faz as pessoas acreditarem que seja um efeito decorrente dos suplementos", diz. "Para emagrecer, o melhor é aliar exercícios e uma dieta restrita em calorias".

Mas a nutricionista também sugere que alguns suplementos podem ajudar a aumentar o metabolismo do corpo, o que acelera o processo de perda de peso. "Alguns nutrientes, presentes em determinados suplementos, ajudam a acelerar o metabolismo, graças a quantidade de pó de guaraná, mas vale lembrar que essa mesmo substância exige moderação. Consumida em excesso, pode até levar a um ataque cardíaco", explica.

O tempo que cada pessoa leva para perder peso, mesmo com o adicional dos suplementos, depende exclusivamente da alimentação e da carga de exercícios que ela apresenta. "Eu gosto do Ripp ABS, da Probiótica, um produto elaborado com guaraná e mate enriquecido com vitaminas e minerais em cápsulas. Mas meus alunos só fazem uso dele depois de uma conversa com o nutricionista", ressalta o personal.

Para ganhar energia
Quer ganhar mais energia? Não precisa de suplementos, basta deixar o estresse de lado. "Os suplementos que garantem o aumento de energia precisam de indicações e prescrições médicas. Para aumentar a energia de um modo natural e saudável, basta manter uma alimentação adequada, exercícios regulares, sono de boa qualidade e controle do estresse", explica.

Mas, se está difícil se livrar dos problemas do dia a dia, converse claramente com a nutricionista, pois só ela pode indicar o suplemento ideal para você. "Em alguns casos (como pessoas que apresentam baixa ingestão de carboidratos), os suplementos para o aumento da energia podem ser utilizados. Mas vale lembrar, que eles devem ser ingeridos enquanto a nutricionista e o pacientes buscam outras alternativas para melhorar o caso", explica.

O personal Ivaldo Larentis diz que os suplementos para garantir energia são a base de vitamina C e vitaminas do complexo B. "A maioria dos suplementos se resumem nessas vitaminas, mas outros apresentam carboidratos com índice glicêmico para uma mais rápida reposição de glicogênio muscular (a fonte de energia armazenada nos músculos)."

Os perigos do uso sem prescrição
O uso de suplementos sem indicação médica oferece diversos riscos para a saúde. Entre eles, o fígado e os rins estão na lista dos pontos mais prejudicados, já que a maioria dos suplementos apresentam uma grande quantidade de proteínas que sobrecarregam esses órgãos. "Em excesso, os suplementos podem levar ao ganho de peso e gordura corporal. Isso acontece porque, quando combinados a uma alimentação inadequada, eles aumentam a quantidade de calorias que não conseguem ser revertidas para massa muscular, principalmente, se existe a sobrecarga de nutrientes, como as proteínas", explica a nutri.

"Suplementos só devem ser utilizados sob orientação profissional. Existem muitas fórmulas com diversos ingredientes. Deve-se avaliar qual é a real necessidade de sua utilização. Existem pessoas, por exemplo, que apresentam dificuldade de quebra de comidas e absorção de nutrientes; essas sim devem fazer a utilização dos suplementos alimentares", explica
www.minhavida.com.br

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

terça-feira, 18 de outubro de 2011

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O rio e a fonte...

Os rios... Ah! Os rios! Poluídos como muitos sentimentos. Nas correntezas apenas o lixo acumulado e não reciclado. A essência da pureza foi se perdendo ao longo de seu trajeto. O que ficou foram apenas vagas lembranças de outrora. Aquilo que não se cuida, acaba se perdendo. O que se perdeu necessita tempo para ser reencontrado.

As fontes... Ah! As fontes! Como suas águas são cristalinas. Nascem do mistério da natureza. Encontram-se escondidas nas matas silenciosas onde muitas vezes à exploração humana não conseguiu chegar. Cumprem silenciosamente seu rito de nascer para a vida.

Foi assim, que daquela fonte silenciosa nasceu o rio. No trajeto rumo ao mar da alegria, foi perdendo sua essência. Ao longo do caminho encontrou as desventuras da falta de cuidado e amor. Sozinho não teve forças pra lutar. Batalha vencida, o inimigo foi matando-o aos poucos. Hoje quando olha pro seu passado lembra-se de onde nasceu. A saudade do mistério que lhe deu vida ficou distante. Perdeu-se em mãos que não souberam amá-lo. Entregou-se aos descuidos de pessoas que não sabiam ao menos cuidar de si mesmas...

Nosso processo de existir é semelhante à fonte e ao rio. Nascemos do mistério do amor de Deus. Ao longo da vida fomos nos entregando a sentimentos adversos a nossa natureza. Perdemos-nos nas poluições de outros pensamentos, nos entregamos a sentimentos que poluíram nossa essência. Por vezes continuamos caminhando e sentimos saudades de um tempo que nem chegamos a vivenciar.

Queremos água limpa, mas esquecemos onde fica a Fonte que pode saciar nossa sede. Acostumamos-nos com a água salobra e suja das tempestades que caem sobre nossa alma. Andamos nas enxurradas barrentas dos sentimentos desumanos que estão em nós. Nossa travessia pela vida hoje está poluída por aqui não somos, mas nos acostumamos a ser.

O projeto de limpeza de nossas impurezas emocionais é tão necessário quanto à chuva que devolve vida ao solo já seco pelo longo período de estiagem. Descobrir a Fonte que irá saciar nossa sede é descobrirmos que não nascemos para a poluição que nos afugenta de nós mesmos. Na busca da Fonte da Paz inevitavelmente iremos nos encontrar com o projeto de um novo rio que caminha para o grande mar da vida.

Pe. Flávio Sobreiro

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Diferença entre: Psiquiatria; Psicologia e Psicanálise

O termo “psi”, bastante utilizado pelas pessoas, muitas vezes pode ser permeado de confusão quanto aos significados, principalmente quando se refere aos profissionais indicados por este termo: psiquiatra, psicólogo ou psicanalista.

O psiquiatra é um profissional da medicina que após ter concluído sua formação, opta pela especialização em psiquiatria. Esta é realizada em 2 ou 3 anos e abrange estudos em neurologia, psicofarmacologia e treinamento específico para diferentes modalidades de atendimento, tendo por objetivo tratar as doenças mentais. Ele é apto a prescrever medicamentos, habilidade não designada ao psicólogo. Em alguns casos, a psicoterapia e o tratamento psiquiátrico devem ser aliados.

O psicólogo tem formação superior em psicologia, ciência que estuda os processos mentais (sentimentos, pensamentos, razão) e o comportamento humano. O curso tem duração de 4 anos para o bacharelado e licenciatura e 5 anos para obtenção do título de psicólogo. No decorrer do curso a teoria é complementada por estágios supervisionados que habilitam o psicólogo a realizar psicodiagnóstico, psicoterapia, orientação, entre outras. Pode atuar no campo da psicologia clínica, escolar, social, do trabalho, entre outras.

O profissional pode optar por um curso de formação em uma abordagem teórica, como a gestalt-terapia, a psicanálise, a terapia cognitivo-comportamental.

O psicanalista é o profissional que possui uma formação em psicanálise, método terapêutico criado pelo médico austríaco Sigmund Freud, que consiste na interpretação dos conteúdos inconscientes de palavras, ações e produções imaginárias de uma pessoa, baseada nas associações livres e na transferência. Segundo a instituição formadora, o psicanalista pode ter formação em diferentes áreas de ensino superior.

Por Patrícia Lopes
Equipe Brasil Escola

domingo, 9 de outubro de 2011

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

O Verbo roubar

O verbo "roubar"
Chico Alencar - O Globo - 05/09/2011


“Perdi o bonde e a esperança. Volto pálido para casa. A rua é inútil e nenhum auto passaria sobre meu corpo.”
(Carlos Drummond de Andrade, Soneto da Perdida Esperança – 1934)

O desastre do bondinho de Santa Teresa, no Rio, é tragédia e metáfora. Mesmo sucateado pela omissão criminosa das autoridades e pela fadiga de materiais, o “bonde Brasil” prossegue: alguns parecem acordar para a mobilização contra a corrupção. Para ser transformadora, porém, toda justa indignação precisa de trilhos e trajeto. Um bonde percorre etapas até chegar ao destino final.

Padre Vieira, no século XVII, clamou: “Aqui se conjuga o verbo roubar em todos os tempos, modos e lugares.” O sistema colonial, fundado no latifúndio, na escravidão e na dependência externa, que continuou no Império, produzia corrupção larvar, derivada do mandonismo local. A República ainda não superou muitas dessas práticas patrimonialistas.

A história ensina que corrupção não se combate com “vassouradas” a la Jânio e “caçadas a marajás” estilo Collor. Corruptores - tão pouco mencionados - e seus beneficiários, os corruptos, são como mofo e bolor: só a luz do sol os afeta. Esta é uma primeira exigência, a estação inicial: transparência total nas atividades públicas e acompanhamento pari passu dos eleitos, com controle social de seus atos. A crescente autonomização do Poder Público em relação à sociedade é a morte da democracia.

Órgãos de controle existem: tribunais de contas, controladorias, legislativos. Quantos exercem, com eficácia, essas funções? Daí o imperativo de constituí-los com quadros técnicos competentes e dirigentes dotados de espírito público, sem corporativismos. O compadrio risonho precisa ser retirado do bonde onde está aboletado, viajando gratuitamente, há séculos. A impunidade, força motriz das trombadas contra o interesse público, gera prejuízos nunca ressarcidos: a Advocacia Geral da União só recuperou 7% do que foi subtraído, na última década.

A Educação, como os Arcos da Lapa, é o caminho para se alcançar áreas mais elevadas? Sim, desde que ela não continue, como o antigo aqueduto, com suas telas de proteção furadas: profissionais mal remunerados, sem atualização adequada, e gestões centralizadas, autoritárias. Não é admissível que de cada R$10 investidos no setor apenas R$1 chegue na atividade fim, o encontro vivificante da sala de aula. Clama-se, com razão, por 10% do PIB para a Educação já, sem desvios!

É indispensável também profunda reforma do nosso sistema político, que perde credibilidade com tantas legendas de aluguel, entre as quais "novas" já carregadas das velhas fraudes, e grandes partidos acometidos de nanismo moral. “Não, não nos representam”, cantam os jovens na Puerta Del Sol, em Madri. Esse clamor está chegando aqui.

Reforma política não existirá sem uma nova consciência cidadã, que desmercantilize o voto. E sem campanhas austeras, em torno de projetos e causas, e não de favores ou promessas enganosas anunciadas em marketings milionários. Nenhuma política pública se sustenta com uma estrutura administrativa que dá ao Executivo federal 25 mil cargos de livre nomeação – usados, em geral, para barganhas partidárias menores, como nos estados. Nem com pagamento de juros e amortização da dívida, que comprometerão 47,5% do Orçamento deste ano. Financeirização da economia e corrupção têm parentesco.

Só discernindo quem é quem nessa viagem poderemos chegar às esperanças recuperadas de Drummond, em 1934: “Vou subir a ladeira lenta em que os caminhos se fundem. Todos eles conduzem ao princípio do drama e da flora.(...) Há muito tempo nós gritamos: sim! Ao eterno.”

CHICO ALENCAR é deputado federal (PSOL/RJ).

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

terça-feira, 4 de outubro de 2011

A Felicidade está em você só você decide ser Feliz...

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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Alzheimer

Sobre o Alzheimer
Roberto Goldkorn é psicólogo e escritor

Meu pai está com Alzheimer. Logo ele, que durante toda vida se dizia 'o Infalível'. Logo ele, que um dia, ao tentar me ensinar matemática, disse que as minhas orelhas eram tão grandes que batiam no teto. Logo ele que repetiu, ao longo desses 54 anos de convivência, o nome do músculo do pescoço que aprendeu quando tinha treze anos e que nunca mais esqueceu: esternocleidomastóideo.

O diagnóstico médico ainda não é conclusivo, mas, para mim, basta saber que ele esquece o meu nome, mal anda, toma líquidos de canudinho, não consegue terminar uma frase, nem controla mais suas funções fisiológicas, e tem os famosos delírios paranóicos comuns nas demências tipo Alzheimer.

Aliás, fico até mais tranqüilo diante do 'eu não sei ao certo' dos médicos; prefiro isso ao 'estou absolutamente certo de que...', frase que me dá arrepios.

E o que fazer... para evitarmos essas drogas?
Como?

Lendo muito, escrevendo, buscando a clareza das idéias,criando novos circuitos neurais que venham a substituir os afetados pela idade e pela vida 'bandida'.

Meu conselho: é para vocês não serem infalíveis como o meu pobre pai; não cheguem ao topo, nunca, pois dali só há um caminho: descer. Inventem novos desafios, façam palavras cruzadas, forcem a memória, não só com drogas (não nego a sua eficácia, principalmente as nootrópicas), mas correndo atrás dos vazios e lapsos.

Eu não sossego enquanto não lembro do nome de algum velho conhecido, ou de uma localidade onde estive há trinta anos.. Leiam e se empenhem em entender o que está escrito, e aprendam outra língua, mesmo aos sessenta anos..

Coloquem a palavra FELICIDADEno topo da sua lista de prioridades: 7 de cada 10 doentes nunca ligaram para essas 'bobagens'e viveram vidas medíocres e infelizes - muitos nem mesmo tinham consciência disso.

Mantenha-se interessado no mundo, nas pessoas, no futuro. Invente novas receitas, experimente (não gosta de ir para a cozinha? Hum... Preocupante). Lute, lute sempre, por uma causa, por um ideal, pela felicidade.

Parodiando Maiakovski, que disse 'melhor morrer de vodca do que de tédio', eu digo: melhor morrer lutando o bom combate do que ter a personalidade roubada pelo Alzheimer.

Dicas para escapar do Alzheimer:

Uma descoberta dentro da Neurociência vem revelar que o cérebro mantém a capacidade extraordinária de crescer e mudar o padrão de suas conexões.

Os autores desta descoberta, Lawrence Katz e Manning Rubin (2000), revelam que NEURÓBICA, a 'aeróbica dos neurônios', é uma nova forma de exercício cerebral projetada para manter o cérebro ágil e saudável, criando novos e diferentes padrões de atividades dos neurônios em seu cérebro. Cerca de 80% do nosso dia-a-dia é ocupado por rotinas que, apesar de terem a vantagem de reduzir o esforço intelectual, escondem um efeito perverso; limitam o cérebro.

Para contrariar essa tendência, é necessário praticar exercícios 'cerebrais' que fazem as pessoas pensarem somente no que estão fazendo, concentrando-se na tarefa. O desafio da NEURÓBICA é fazer tudo aquilo que contraria as rotinas, obrigando o cérebro a um trabalho adicional.

Tente fazer um teste:

- use o relógio de pulso no braço direito;
- escove os dentes com a mão contrária da de costume;
- ande pela casa de trás para frente; (vi na China o pessoal treinando isso num parque);
- vista-se de olhos fechados;
- estimule o paladar, coma coisas diferentes;
- veja fotos de cabeça para baixo;
- veja as horas num espelho;
- faça um novo caminho para ir ao trabalho.
A proposta é mudar o comportamento rotineiro!
Tente, faça alguma coisa diferente com seu outro lado e estimule o seu cérebro. Vale a pena tentar!
Que tal começar a praticar agora, trocando o mouse de lado?
Que tal começar agora enviando esta mensagem, usando o mouse com a mão esquerda?

sábado, 24 de setembro de 2011

Modéstia Cearense

Modéstia cearense!

Estava num passeio em Roma quando, ao visitar a Catedral de São Pedro fiquei abismado ao ver uma coluna de mármore com um telefone de ouro em cima. Vendo um jovem padre que passava pelo local perguntei a razão daquela ostentação.
O padre então me disse que aquele telefone estava ligado a uma linha direta com o paraíso e que se eu quisesse fazer uma ligação eu teria de pagar 100 dólares. Fiquei tentado, porém declinei da oferta.
Continuando a viagem pela Itália encontrei outras igrejas com o mesmo telefone de ouro na coluna de mármore. Em cada uma das ocasiões perguntei a razão da existência e a resposta era sempre a mesma: Linha direta com o paraíso ao custo de 100 dólares a ligação.
Depois da Itália, chegando ao Brasil, fui direto para Fortaleza. Ao visitar a nossa gloriosa Catedral da Sé, fiquei surpreso ao ver novamente a mesma cena: uma coluna de mármore com um telefone de ouro.
Sob o telefone um cartaz que dizia: Linha direta com o paraíso - Preço por ligação = R$ 0,25 (Vinte e Cinco Centavos).
Não me agüentei, e lasquei.... Padre, eu disse, viajei por toda a Itália e em todas as catedrais que visitei vi telefones exatamente iguais a este, mas o preço da chamada era 100 dólares. Por que aqui é somente R$ 25 centavos?

O Padre sorriu e disse: Meu “filho”, você está no Ceará... Aqui a ligação é local!
O PARAÍSO É AQUI...
Desconheço o Autor

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Mentes Cegas

Mentes cegas
Desde a infância somos capazes de perceber o que os outros sentem e pensam; autistas, porém, não dispõem desse recurso que permite a comunicação em nível mais sutil
por Bruce M. Hood

Na cena final do filme Casablanca, quando Humphrey Bogart finalmente pede a Ingrid Bergman que entre no avião que a levará de volta ao seu marido, a jovem mãe que assiste à sessão da tarde pela TV deixa cair uma lágrima. Instintivamente, o filho de 2 anos tenta confortá-la, oferecendo-lhe seu ursinho de pelúcia. Neste momento, os dois (cada um a seu modo) mostram a consciência intuitiva do estado mental e emocional de outra pessoa.


Esse tipo de intuição surge naturalmente para a maioria de nós – mas não para todos. Pessoas com autismo não dispõem desse recurso. O transtorno do desenvolvimento afeta uma pessoa em cada 500 (essa cifra varia, dependendo de como definimos o distúrbio). Atualmente, tem sido adotado o termo “transtornos do espectro do autismo” para ressaltar que a patologia varia amplamente em grau de seriedade, mas mantém em
comum três sintomas: profunda ausência de habilidades sociais, baixa capacidade de comunicação e comportamentos repetitivos. Independentemente da gravidade da manifestação, na base dessas características estão os problemas de intuição social.


Autistas têm dificuldade em se aproximar de outras pessoas porque não construíram um repertório de habilidades de desenvolvimento que permite que os humanos se tornem “especialistas em ler a mente alheia”. Não falamos aqui da habilidade especial de descobrir pensamentos como fazia o sr. Spock, personagem da série Jornada nas estrelas, mas da capacidade de inferir o que os outros estão pensando e sentindo em diferentes circunstâncias. No início da infância, as crianças saudáveis desenvolvem, gradativamente, uma compreensão cada vez mais sofisticada de que os outros apresentam estados mentais que motivam seu comportamento. Por exemplo,
você será capaz de notar que seu interlocutor está nervoso e agitado, mesmo que ele não
lhe diga isso em momento algum da conversa. Ou, se você esquece sua bolsa no escritório, posso perceber que você acredita que ela estará lá mesmo que a faxineira a tenha colocado no depósito de achados e perdidos. Eu posso entender que você mantém uma falsa crença, talvez para se defender de uma frustração. Essa possibilidade natural, da qual desfrutamos desde criança, é uma “teoria da mente”. Formulamos várias delas, muitas vezes por dia, sem sequer nos darmos conta de quantas. É por volta dos 3 anos que começamos a perceber que as outras pessoas têm objetivos, preferências, desejos, crenças e até fazem juízos falsos. Sem essa gama de habilidades sociais a mente torna-se “cega” – incapaz de entender o que os outros estão pensando e por que fazem certas coisas. Isso não quer dizer que não nos surpreendamos, mas de forma geral temos – alguns mais, outros menos, é verdade – condições de compreender o outro e suas razões.

Bruce M. Hood psicólogo, diretor do Centro de Desenvolvimento Cognitivo de Bristol, da Universidade de Bristol, Inglaterra, autor de Supersense: why we believe in the unbelievable (HarperOne, 2009) e de The self illusion, a ser publicado nos Estados Unidos.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Loucura...

É loucura, odeiar todas as rosas por que uma te espetou...
Perder a fé em todas as orações, porque numa não foste atendido...
Desistir de todos os esforços
Porque um deles fracassou...
Condenar todas as amizades
Porque uma te traiu...
Descrer de todo o amor
Porque um deles te foi infiél...
Jogar fora todas as chances de ser feliz
Porque uma tentativa não deu certo...
Espero que na tua caminhada, não cometas essas loucuras.
Há sempre uma outra CHANCE
Uma outra AMIZADE
Um outro AMOR
Uma nova FORÇA
è so ser "perseverante" e procurar ser mais FELIZ a cada dia.
A gloria não consite em jamais cair, mas sim de ergue-se toda vez que for necessário!

Autor Desconhecido

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

terça-feira, 20 de setembro de 2011

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Cearense inventa carro quadriflex

Cearense inventa veículo quadriflex
Movido a energia solar e eólica, gasolina e etanol, o veículo é mais econômico e menos poluente
Por: Redação da Rede Brasil Atual

São Paulo - O primeiro carro quadriflex do mundo, inventado pelo cearense Fernando Alves Ximenes, promete ser uma das atrações da Ecoenergy, 1ª Feira Internacional de Tecnologias Limpas e Renováveis para Geração de Energia e Eficiência Energética, realizada a partir desta quinta-feira (15) até sábado (17), no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo.
O cientista, da empresa Gram-Eollic, adaptou um veículo Novo Uno, da Fiat, fazendo o motor operar movido a energia solar e eólica, além de gasolina e etanol. O automóvel recebeu modificações no teto, com células fotovoltaicas, e no para-choque, onde foram instaladas turbinas eólicas.
O veículo garante menor emissão de CO2 na atmosfera e possui maior potência e torque. Com o deslocamento, as turbinas giram e alimentam o sistema elétrico e o sistema de combustão. É quando utiliza tanto a energia eólica quanto a solar. Desligado ou estacionado, é alimentado pela energia solar, captada tanto da luz do sol quanto das lâmpadas elétricas em geral. Uma bateria armazena a carga.
No carro adaptado por Ximenes, em quatro versões (executiva, esportiva, comercial e para o dia a dia), a emissão de poluentes foi reduzida em 40%, e o consumo melhorou. O custo de adaptação do veículo é de R$ 8 mil. Agora, o inventor trabalha para chegar à versão 100% autossustentável, sem necessidade de bateria.
Na tarde desta quinta-feira, também será realizada a palestra do secretário de Energia de São Paulo, José Aníbal, com dados sobre a matriz energética do estado.
A feira reunirá fornecedores de produtos e serviços voltados para a geração, transmissão e comercialização de energia, até setores inovadores na geração de energia como biomassa (animal ou vegetal) incluindo-se biogás e biodiesel, além de energia eólica, hidráulica, hidrelétrica, solar e das marés. O Centro de Exposições Imigrantes fica na rodovia dos Imigrantes, km 1,5.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Oração de Santo Augustinho

Belo texto de Santo Augustinho.


Louvada seja a dança, ela libera o homem o peso das coisas materiais,
para formar a sociedade.
Louvada seja a dança, que exige tudo e fortalece a saúde, uma mente se- rena e uma alma encantada.
A dança significa transformar o espaço, o tempo e o homem.
Que sempre corre perigo de perder-se ou somente cérebro, ou só vontade ou só sentimento.
A dança, porém, exige o ser humano inteiro, ancorado no seu centro, e que não conhece a vontade de dominar gente e coisas, e que não sente a obsessão de estar perdido no seu ego.
A dança exige o homem livre e aberto vibrando na harmonia de todas as forças.
Ó homem, ó mulher aprenda dançar senão os anjos no céu não saberão o que fazer contigo.
(Santo Agostinho), 354 – 430 d.C.

"Dançando juntos nos curamos e curamos o nosso planeta, e descobrimos que é possível fazer o mesmo na nossa vida diária...... Dançar em círculos ajuda-nos a melhorar e enriquecer a nossa vida: física, mental, emocional e espiritual, o que satisfaz a todos os que entram em contato; e aprender a comunicar de um modo mais profundo e com maior sentido, o que, em últi- ma instância, é a única maneira de melhorar e enriquecer o mundo inteiro”
F. C. Diógenes.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Japones vive sozinho em cidade fantasma

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terça-feira, 13 de setembro de 2011

Palavras Geradoras

Palavras geradoras de vida que geram novos significados.
Amor: essencial a manutenção da vida; Cuidado: é necessário o cuidado permanente com a vida e com a saúde; Doação: deve ser vivenciado constantemente; Alegria: semear sempre, mesmo nos momentos difíceis; Compromisso: dever de todos; Perdão: é divino, não nos pertence, mas é possível a pratica; Desenvolvimento: é um dever de cada um, crescer como pessoa sociável; Vínculos: é fundamental manter um bom vínculo consigo mesmo, com o outro e com a mãe natureza; Criação: é eterna, é um dom de Deus; Coragem: enfrentar os desafios faz parte da vida; Prazer: são os resultados conquistados no profissional e no pessoal, para o bem comum; Educação: é a fonte, é a base de tudo, nasce do berço familiar; Aprendizagem: precisamos reconhecer que somos eternos aprendizes; Transformação: idéias novas, para viver novas conquistas; Encontro: é nos encontros e desencontros que a vida acontece; Vivência: precisa ser constante; Descoberta: nossa obrigação é descobrir o novo e vivenciar sem medo; Realização: é objetivo de todos na busca da felicidade; Identidade: importante para nos revelar quem somos; Saúde: deve ser cuidada sempre; Conhecimento: se adquire na Escola, no estudo diário; Espiritualidade: é a nossa comunhão com o sagrado, é vital e indispensável; Expressão: comunicar-se não só com belas palavras e com o corpo, mas com o coração; Complexidade: inevitável, mas pode ser superada na vivência e no contato com o outro; Respeito: fundamental na vida em comum; Arte: somos construtores em potencial, basta usarmos a criatividade; Nutrição: nutrir e ser nutrido nos faz bem; Embalo: a vida é uma dança, uma canção, não pode parar; Busca: desistir dos sonhos, jamais, mesmo reconhecendo nossos limites; Evolução: é acompanhar o movimento de tudo que acontece ao nosso redor; Sabedoria: é necessário, mas sem humilhar os outros; Tolerância: sua prática é indispensável. ( F. C. Diógenes)

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A fala só é bonita quando ela nasce de uma longa e silenciosa escuta

A fala só é bonita quando ela nasce de uma longa e silenciosa
escuta." ( Rubem Alves).

"O que as pessoas mais desejam é alguém que
as escute de maneira calma e tranqüila.
Em silêncio. Sem dar conselhos.
Sem que digam: "Se eu fosse você".

A gente ama não é a pessoa que fala bonito.
É a pessoa que escuta bonito.
A fala só é bonita quando ela nasce de uma
longa e silenciosa escuta.

É na escuta que o amor começa.
E é na não-escuta que ele termina.
Não aprendi isso nos livros.
Aprendi prestando atenção."
Rubem Alves
“Entre o inspirar e o expirar há um intervalo; e é nesse milésimo de segundo que a vida renasce. É no escutar e no sentir, que nos revelamos quem somos e o que queremos ser”. (Diógenes)

sábado, 10 de setembro de 2011

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

sábado, 3 de setembro de 2011

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Esclerose Lateral Amiotrófica - ELA

Um amigo de 40 anos estava jogando futebol, como fazia regularmente, quando sentiu a perna travar bem na hora de bater um pênalti. Ele não foi capaz de entender nem de explicar por que, de repente, a perna tinha ficado pesada a ponto de não conseguir acertar o chute.

Infelizmente, esse foi o sintoma inicial da esclerose lateral amiotrófica (também conhecida pela sigla ELA), uma doença que compromete a musculatura e causa deficiência motora progressiva.

Como o próprio nome indica, essa moléstia se caracteriza pelo endurecimento dos músculos (esclerose), inicialmente num dos lados do corpo (lateral) e atrofia muscular (amiotrófica).

Mal descrita até bem pouco tempo, hoje se sabe que a causa é a degeneração dos neurônios motores no cérebro e na medula espinhal. Embora o diagnóstico precoce seja fundamental para retardar a evolução da doença, na maioria das vezes, ele custa a ser feito.

CARACTERÍSTICAS E SINTOMAS

Drauzio – Como o cérebro emite ordens para que um membro faça o movimento adequado na hora de bater um pênalti, por exemplo?

Acary Oliveira – Parece fácil, mas não é. Para a pessoa realizar um movimento, o sistema nervoso central (SNC) emite uma ordem que parte do primeiro neurônio motor (superior), alcança a região do tronco cerebral e dali caminha até medula nervosa situada dentro da coluna espinhal. No corno anterior, ou seja, no segmento da medula voltado para o osso esterno, está o segundo neurônio motor (inferior) de onde saem os nervos da motricidade que transmitem o comando para o músculo esquelético contrair.

Qualquer alteração nesse mecanismo, seja no primeiro neurônio motor situado no cérebro, seja no segundo neurônio motor situado na medula espinhal pode afetar as vias que conduzem o estímulo até o músculo esquelético e ser responsável pelo aparecimento de fraqueza muscular.

Nos Estados Unidos, a esclerose lateral amiotrófica é conhecida como Doença de Lou Gehrig. Os aficionados por beisebol certamente já ouviram falar de Lou Gehrig, um exímio jogador das décadas de 1920/1930. Aos 12 anos, ele conseguia atravessar a nado o rio Hudson que separa a cidade de Nova York do estado de Nova Jersey e, aos 23 anos, era jogador titular do New York Yankees, time com maior número de vitórias da Liga Americana de Beisebol.

Considerado um dos melhores jogadores por anos consecutivos, Lou Gehrig recebeu vários prêmios e, aos 37 anos, encontrava-se no auge da forma física, técnica e emocional. Estava casado, tinha filhos, era famoso e querido pela torcida.

Um ano mais tarde, porém, a Liga Americana de Beisebol divulgou que o índice de batida desse jogador, ou seja, a tentativa de acertar a bola arremessada, tinha começado a cair, embora ele não apresentasse o menor sinal de fraqueza muscular ou de outra anormalidade qualquer. Mesmo assim, o atleta procurou um médico, um segundo, um terceiro, mas nenhum deles encontrou explicação para o que estava acontecendo. O quarto médico, porém, ao examiná-lo sem roupa, notou pequena atrofia e certo tremor muscular e fez o diagnóstico. Ele conhecia as características da esclerose lateral amiotrófica, porque sua mãe havia morrido por causa dessa doença.

Ainda hoje, depois do primeiro sintoma, a peregrinação por quatro ou cinco médicos atrás do diagnóstico costuma durar mais ou menos um ano.

Drauzio – A esclerose lateral amiotrófica é sempre uma doença que acomete os neurônios?

Acary S. Bulle Oliveira – A ELA é uma doença provocada por alteração no primeiro neurônio motor (superior) e no segundo neurônio motor (inferior). Seu principal sintoma é a fraqueza muscular. Outro sintoma, os reflexos vivos, é sinal do comprometimento no primeiro neurônio. Já a atrofia e o tremor muscular são indicativos do comprometimento do segundo neurônio.

CAUSAS E PREVALÊNCIA

Drauzio – Qual a causa dessa doença?

Acary S. Bulle Oliveira – Ninguém conhece a causa. Sabe-se, entretanto, que os atletas constituem uma população com maior risco. Parece que a superutilização da musculatura favorece o mecanismo de degeneração da via motora. Essa não é a única causa, porém, pois pessoas que nada têm de atletas também desenvolvem essa doença degenerativa.

Drauzio – Qual é a prevalência da ELA?

Acary S. Bulle Oliveira - ELA é uma doença relativamente rara. São registrados um ou dois casos em cada cem mil pessoas por ano no mundo. Acontece que numa das ilhas Marianas, a ilha de Guan situada no Pacífico Oeste, abaixo das Filipinas e a leste do Japão, o número de casos é cem vezes maior. Isso chamou a atenção dos pesquisadores. Eles descobriram que habitantes dessa região, os chamorros, consumiam muito a fruta de uma palmeira que era rica em glutamato. O curioso é que a toxicidade não estava no fruto: estava numa iguaria feita com morcegos carregados de glutamato, porque se alimentavam com esse fruto.

Os pesquisadores concluíram, então, que tanto os atletas expostos a ações repetitivas, quanto os chamorros comendo, por anos a fio, o prato feito com morcegos, teriam predisposição para o aparecimento da doença.

Drauzio – A esclerose lateral amiotrófica tem herança genética?

Acary S. Bulle Oliveira – Em sua maioria, os casos são esporádicos. Entretanto de 5% a 10% dos pacientes desenvolvem uma forma familiar da doença. Parte deles é portadora da mutação de um gene relacionado com uma enzima inibidora dos radicais livres, isto é, do lixo que as células produzem. O entendimento desse mecanismo é de fundamental importância para encontrar formas terapêuticas de tornar a doença menos grave, retardar sua evolução, ou até reverter o quadro.

Drauzio – A mutação desse gene no pai significa que o filho também terá a doença?

Acary S. Bulle Oliveira – Não. Na grande maioria das vezes, a doença aparece numa única pessoa da família.

EVOLUÇÃO

Drauzio – Como evolui a esclerose lateral amiotrófica?

Acary S. Bulle Oliveira – ELA é uma doença degenerativa irreversível que afeta progressivamente os neurônios envolvidos na motricidade. As primeiras alterações podem acometer o pé, depois a perna, a mão e, nos estágios mais adiantados, há comprometimento dos músculos responsáveis pela deglutição e pela respiração.

Em média, a contar do primeiro sintoma, a sobrevida dos pacientes é de três anos e meio, quatro anos, mas há pessoas que vivem muito mais e outras, muito menos. Portanto, não há como fazer prognósticos. Stephen Hawking, famoso físico inglês, recebeu o diagnóstico de esclerose lateral amiotrófica aos 21 anos. O colega que fez o diagnóstico aconselhou-o a não perder tempo com o “livrinho” que estava escrevendo, porque não lhe restava tempo de vida suficiente para vê-lo publicado. Stephen não só terminou aquele livro e assistiu ao sucesso que fez por muitos anos, como escreveu outros livros, casou-se e teve filhos. Hoje, ele brinca que é ruim ser seu médico, porque eles morrem, enquanto ele continua vivo 44 anos depois de ter recebido o diagnóstico. Infelizmente, são poucos os casos como o dele.

Drauzio – O que pode ser feito para retardar a evolução da doença?

Acary S. Bulle Oliveira – A doença deixou de ser considerada intratável. Diante da pesquisa com os chamorros mostrando que glutamato em excesso pode provocar a doença, um laboratório conseguiu sintetizar uma substância que inibe a ação tóxica do glutamato sobre os neurônios motores com o propósito de aumentar a sobrevida do paciente. No entanto, essa droga não impede a evolução da doença. Por isso, vários laboratórios estão tentando encontrar outras que potencializem a ação dessa primeira.
Os experimentos com animais mostram que a terapia gênica pode não só retardar como reverter a evolução da ELA. Em humanos, esse objetivo ainda não foi alcançado, mas sabe-se que é potencialmente viável.

TRATAMENTO

Drauzio – Essa pobreza de recursos não implica a impossibilidade de tratar os doentes?

Acary S. Bulle Oliveira – De jeito nenhum. Durante toda a evolução da doença, há como orientar os pacientes para que usufruam melhor qualidade de vida com independência e autonomia. Eles necessitam de tratamento multidisciplinar sob a supervisão de um médico e acompanhamento fonoaudiológico e fisioterápico ou de um educador físico.

O músculo foi feito para contrair e relaxar, foi feito para o movimento. Mal usado, atrofia por desuso; usado em excesso também se ressente. Como a esclerose lateral amiotrófica é uma doença que se manifesta com frequência nas pessoas submetidas a atividades físicas intensas, por exemplo, os atletas e os trabalhadores braçais, é preciso intervir com cuidado para que mantenham a atividade física sem consumo excessivo da musculatura.

O avançar da doença traz consigo a dificuldade para falar e deglutir líquidos e a própria saliva. O trabalho do fonoaudiólogo é ensinar o doente a utilizar melhor os recursos para a expressão da linguagem e para deglutir de forma adequada, a fim de evitar engasgos e a entrada de alimentos na árvore brônquica. Por outro lado, assegurar que ele consiga alimentar-se convenientemente evita a perda de peso que pode agravar o quadro.

Drauzio – Em que medida é possível conseguir isso?

Acary S. Bulle Oliveira – É possível conseguir por um tempo razoável mesmo nas situações limitantes. Atualmente, na Escola Paulista de Medicina, existem vários pacientes com esclerose lateral amiotrófica que estão sendo acompanhados desde o início da doença. Alguns apresentam dificuldade respiratória. Num passado recente, os indivíduos com esse sintoma tinham de ser internados num hospital para usar um respirador. Agora, existe um respirador domiciliar chamado CPAP, que permite ao paciente continuar trabalhando pelo menos algumas horas por dia.

A fase final da doença muitas vezes é complicada, porque a pessoa tem dificuldade para falar, deglutir e respirar, mas as outras funções e a parte cognitiva permanecem íntegras.
Alguns indivíduos não conseguem falar, mas conseguem manter comunicação visual e já existem programas de computador acionados pelo olhar. No último congresso internacional em Dublin, na Irlanda, foi apresentado um trabalho de robótica com estimulador elétrico na área cerebral que coletava a informação e acionava um computador ao qual estava acoplado um braço mecânico, o que permitia não só estabelecer a comunicação como também executar algumas atividades.

REAÇÃO DIANTE DA DOENÇA

Drauzio – Como reage uma pessoa de 40 anos diante do sofrimento de perder progressivamente os movimentos até chegar ao extremo de não conseguir respirar nem deglutir direito, mas que continua com a função intelectual perfeita?

Acary S. Bulle Oliveira - Seu amigo que não conseguiu bater o pênalti, com certeza, é uma pessoa ótima, dócil, alegre, como é a grande maioria dos portadores da doença. A gente se apaixona por eles, porque têm muito a oferecer. Estão sempre lutando pela vida e procurando alternativas para enfrentar as dificuldades do dia a dia. Isso contagia quem convive com eles e todos acabam se engajando na sua luta, o que torna a relação médico-paciente muito rica.

Outro aspecto interessante é que essas pessoas aparentemente não abandonam as convicções religiosas.

Drauzio – Elas já eram assim antes da doença, ou foi a doença que as fez reagir desse jeito?

Acary S. Bulle Oliveira – Um trabalho publicado recentemente por um grupo alemão, utilizando ressonância magnética funcional, mostrou brilho intenso na área do sentimento dessas pessoas. Parece que isso nada tem a ver com a doença. Parece que elas nasceram assim.

PREGUNTAS ENVIADAS POR E-MAIL

Maria Cândida Espiridião – Recife/PE – A cãibra da esclerose lateral é parecida com a cãibra que as pessoas sentem em determinadas situações?

Acary S. Bulle Oliveira – Em linhas gerais, a cãibra é uma contração muscular provocada pelo estímulo elétrico que passa da medula para o nervo e alcança a musculatura. Pode-se dizer que 95% das pessoas sentem cãibra, ora numa, ora noutra região do corpo, quando fazem atividade física intensa. Cãibra isolada não é sinal de ELA.
A cãibra da esclerose lateral amiotrófica é mais frequente e aparece na panturrilha, no pé, na mão ao mesmo tempo e está associada a outros sintomas da doença.

Lucas Ribeiro da Silva – Guarulhos/SP – Que tipo de exercício físico é mais indicado para os pacientes com ELA?

Acary S. Bulle Oliveira – O mais indicado é o que não cansa o paciente. É o que lhe dá prazer, sem que sinta cansaço ou dor.

Adalberto Ferreira – São Paulo/SP – De que forma os familiares podem ajudar um paciente já em estágio mais avançado da doença?

Acary S. Bulle Oliveira – Quando falamos em esclerose lateral amiotrófica, estamos falando do binômio paciente e cuidador. O cuidador terá de aprender técnicas médicas, psicológicas, de enfermagem, de terapia ocupacional, fonoaudiológicas, além de estar atento à parte jurídica e aos anseios religiosos.
O interessante é que o paciente costuma sofrer menos do que o cuidador. Se os familiares quiserem ajudá-lo, têm de estar por perto, tentando sempre não sofrer demais com a dor do outro. Todos nascemos marcados por uma sentença de morte, mas vivemos sem pensar muito nela. Então, por que passar para o portador de ELA a idéia de que sua sentença vai ser executada no dia seguinte, dali um mês ou três meses depois, se temos surpresas enormes quando fazemos tais prognósticos?
Dr.Drauzio Varella

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

DESPEDIDA DA APRESENTADORA KEYLA LIMA DO MAINHÃ MAIOR !

Mente x Idade

A ciência conseguiu identificar a base neurológica da sabedoria. A partir da meia-idade as pessoas podem até esquecer nomes, mas tornam-se – acredite – mais inteligentes
Marcela Buscato. Com Bruno Segadilha e Teresa Perosa

A partir de um certo momento da vida, que, para a maioria de nós, começa depois do aniversário de 40 anos, a grande questão neurológica se resume a uma pergunta: aonde diabos foram parar todos os nomes que eu esqueço? No início, desaparece o nome de uma atriz famosa. Depois, some o nome dos filmes que ela fez. Mais adiante, você não consegue achar no mar de neurônios o nome do famoso marido dela, muito menos o do outro ator, manjadíssimo, com quem ela contracenou em seu trabalho mais célebre. A débâcle ocorre no almoço de domingo em que você se percebe, diante da cara divertida de seus filhos, tentando explicar: “Aquele filme, com aquela atriz australiana, casada com aquele outro ator...”.

Essa, você já sabe – ou vai descobrir dentro de algumas décadas –, é a parte chata de um cérebro que bateu na meia-idade. Ela vem junto com muitas piadas e uma dose elevada de ansiedade em relação ao futuro. O que você não sabe, mas vai descobrir nas próximas páginas, é que existe outro lado, inteiramente positivo, das transformações cerebrais trazidas pelo tempo. “Conforme envelhecemos, o cérebro se reorganiza e passa a agir e pensar de maneira diferente. Essa reestruturação nos torna mais inteligentes, calmos e felizes”, diz a americana Barbara Strauch, autora de O melhor cérebro da sua vida. O livro, recém-lançado no Brasil pela editora Zahar, reúne argumentos que fazem a ideia de envelhecer – sobretudo do ponto de vista intelectual – bem menos assustadora do que costuma ser.

Editora de saúde do jornal The New York Times, um dos mais influentes dos Estados Unidos, Barbara resolveu investigar o que estava acontecendo com seu cérebro. Aos 56 anos, estava cansada de passar pela vergonha de encontrar um conhecido, lembrar o que haviam comido na última vez em que jantaram juntos, mas não ter a mínima ideia de como se chamava o cidadão. Queria entender por que se pegava parada em frente a um armário sem saber o que tinha ido buscar. Barbara não entendia como o mesmo cérebro que lhe causava lapsos de memória tão evidentes decidira, nos últimos tempos, presenteá-la com habilidades de raciocínio igualmente surpreendentes. Ela sentia que, simplesmente, “sabia das coisas”, mas, ao mesmo tempo, se exasperava com a quantidade imensa de nomes e referências que pareciam estar sumindo na neblina da memória. Como pode ser?
A capacidade de manter informações enraizadas em nossa
mente não sofre dano algum com a passagem do tempo

É provável que essa mesma pergunta já tenha passado pela cabeça de muitos que chegaram aos 40 anos rumo às fronteiras da meia-idade, um período cada vez mais dilatado em que podemos passar um tempo enorme de nossa existência. Com o aumento da expectativa de vida, a fase intermediária da vida, entre os 40 e os 68 anos, tornou-se uma espécie de apogeu. Nesses anos é possível aliar o vigor reminiscente da juventude à sabedoria da velhice que se insinua – desde que se saiba identificar, e abraçar, as mudanças que acometem o cérebro maduro. Ele já não é o mesmo que costumava ser. Mas as mudanças o transformaram num instrumento melhor. “Para o ignorante, a velhice é o inverno; para o sábio, é a estação de colheita”, diz o Talmude.

A jornalista Marília Gabriela, considerada a melhor entrevistadora do país, é especialista nas delícias e nos suplícios de um cérebro de meia-idade: “Eu não sei se é a idade ou se é o excesso de informações, mas eu esqueço o que as pessoas me dizem”. Aos 63 anos, Gabi, como é mais conhecida, pode até se esquecer de detalhes de conversas, mas mantém o raciocínio afiado para encurralar políticos e celebridades nos três programas apresentados por ela semanalmente. “Hoje, sou capaz de fazer análises rápidas sobre aspectos que as pessoas nem precisam me explicar”, afirma. “Leio nas entrelinhas, pego pelo olhar.”

A nova ciência do envelhecimento, retratada por Barbara em seu livro, conseguiu decifrar o caráter das mudanças por trás dessas percepções aparentemente contraditórias. Os pesquisadores aproveitaram a popularização das técnicas de ressonância magnética – nos últimos 15 anos, o número de estudos aumentou dez vezes – para flagrar o cérebro em pleno funcionamento. Eles descobriram que, sim, há um desgaste natural das células nervosas como se pensava. Mas ele é localizado e circunscrito, assim como seus prejuízos à mente.

Um estudo feito pela equipe do neurocientista americano John Morrison, da Escola de Medicina Monte Sinai, em Nova York, analisou o que acontece com alguns pequenos botões localizados no corpo dos neurônios. Eles ajudam a captar as informações. Os cientistas descobriram que apenas um tipo desses botões sofre com o envelhecimento. São os menores, envolvidos no processamento de novas informações – onde parei o carro, onde estão as chaves ou como chama a nova namorada do meu amigo? Quase 50% desses receptores perdem a atividade. Mas outro tipo, encarregado de lembrar de grandes acontecimentos e de informações enraizadas em nossa mente, como habilidades profissionais, não sofre dano algum.

Se alguns neurônios podem ser danificados pelo tempo, há outros – até mesmo regiões inteiras do cérebro – que passam a funcionar melhor. “O raciocínio complexo, usado para analisar uma situação e encontrar soluções, é aprimorado”, diz o psiquiatra americano Gary Small, diretor do Centro de Envelhecimento da Universidade da Califórnia em Los Angeles.

Aos 49 anos, o artista plástico Vik Muniz está no auge de sua carreira. O sucesso, claro, é consequência da carreira produtiva iniciada aos 20 anos. Mas as habilidades aprimoradas por seu cérebro ao longo dos anos também têm seu quinhão de influência sobre o sucesso recente. Em 2008, foi o primeiro brasileiro a organizar uma mostra no museu de arte moderna de Nova York, o MoMa. Em 2007, começou o projeto Fotografias do Lixo no Jardim Gramacho, uma comunidade de catadores de lixo no Rio de Janeiro. Muniz recriou os personagens que encontrou e produziu algumas de suas mais belas obras. O processo de trabalho foi filmado e virou o documentário Lixo extraordinário, que concorreu ao Oscar da categoria neste ano. “Agora, sou uma pessoa mais focada e objetiva. Vou diretamente aos assuntos, não tenho tempo a perder”, diz Muniz. “Em poucos minutos de conversa já sei, por exemplo, com quem conseguirei desenvolver uma relação mais íntima.”

Um casal de pesquisadores comprovou o que Barbara, Gabi e Muniz sentem na prática. Os psicólogos americanos Warner Schaie e Sherry Willis, professores da Universidade de Washington, criaram em 1956 um projeto de pesquisa para acompanhar o desenvolvimento de 6 mil voluntários durante décadas. Esse tipo de estudo é o mais preciso que existe, uma vez que permite aos cientistas avaliar quanto uma pessoa amadureceu emocionalmente e quais habilidades cognitivas aprimorou.

A cada sete anos, Warner e Sherry submetiam os voluntários a uma bateria de testes de inteligência. Eles tinham de responder a questões que mediam a habilidade verbal (encontrar sinônimos para uma palavra), a memória verbal (lembrar palavras lidas em uma lista), a orientação espacial (virar símbolos e objetos), a capacidade de resolver problemas (completar sequências lógicas) e a habilidade numérica (problemas de adição e subtração).
Entre os 40 e os 60 anos, as habilidades verbale de resolução de problemas melhoram muito

A compilação de anos de estudo mostrou que os voluntários tiveram melhor desempenho em três habilidades – verbal, espacial e resolução de problemas – entre os 1940 anos e 1960 anos. Após esse período, havia um declínio nítido na pontuação dos voluntários. Mas cada pessoa apresentava um declínio maior em uma ou duas habilidades, nunca em todas as cinco.
No auge da vida
Pesquisadores acompanharam 6 mil voluntários por 50 anos. Descobriram que habilidades associadas à inteligência chegam ao ápice na meia-idade
Reprodução
Fontes: Schaie, K. W. & Zanjani, F. (2006). Intellectual development across adulthood, In c. Hoare (Ed.), Oxford handbook of adult development and learning. (pp. 99-122) New York: Oxford University Press

As transformações do cérebro que explicam a melhora das habilidades cognitivas durante a meia-idade estão entre as descobertas mais interessantes da ciência nos últimos tempos. Elas revelam as origens biológicas da sabedoria trazida pela maturidade. Os cientistas descobriram que a facilidade para raciocínios complexos pode ser explicada por mudanças físicas no cérebro. A camada de mielina, um tipo de gordura que reveste as células nervosas e faz com que as informações viagem mais rápido, aumenta progressivamente com o passar dos anos e atinge seu pico por volta dos 50 anos. “No começo da vida, os circuitos motores e os encarregados pela fala recebem a maior parte da mielina”, diz o neurologista George Bartzokis, pesquisador da Universidade da Califórnia, responsável pela descoberta. “À medida que envelhecemos, os circuitos que permitem analisar contextos e que nos fazem ficar mais espertos são os que recebem mais mielina.”

Os pesquisadores também descobriram que, conforme envelhecemos, mudamos o padrão de ativação cerebral. Isso significa que acionamos áreas diferentes das usadas anteriormente para fazer as mesmas tarefas. A região frontal do cérebro, encarregada da racionalidade, passa a concentrar a maior parte das atividades. A área posterior da cabeça, onde estão algumas das estruturas ligadas a nossas respostas emocionais, é acionada com menos frequência. Outra mudança significativa: para realizar a mesma tarefa de adultos jovens (de até 30 anos), os mais velhos usam mais áreas do cérebro. Em vez de usar regiões de apenas uma metade do cérebro, passam a usar as duas. Os cientistas ainda não estão certos sobre o que essas mudanças representam. Há duas possibilidades. A primeira, menos agradável, é que o cérebro esteja ficando velho a ponto de não reconhecer mais as áreas encarregadas de cada atividade. A segunda hipótese é mais reconfortante: o cérebro pode, sim, estar ficando velho. Mas, ao redirecionar funções para áreas diferentes e para mais regiões, dá mostras de que é capaz de se adaptar e manter seu bom funcionamento.

“Não sabemos qual das duas hipóteses é verdadeira”, diz a neurocientista Cheryl Grady, pesquisadora da Universidade de Toronto, no Canadá, e uma das primeiras a notar mudanças no padrão de ativação. “Provavelmente, as duas estão certas. Para algumas tarefas, o cérebro pode perder a precisão. Para outras, pode usar mecanismos compensatórios.”

É irresistível pensar que, talvez, a superativação do cérebro, representada pelo uso simultâneo de várias áreas, possa estar por trás das melhoras de raciocínio relatadas por quem está na meia-idade – e comprovadas pelos pesquisadores. Os cientistas descobriram que um sistema muito especial do cérebro, formado por circuitos localizados em camadas profundas do órgão, está constantemente ativado nos adultos de meia-idade. O sistema, chamado de modo- padrão, é usado nos momentos de reflexão, quando pensamos sobre o que aconteceu recentemente, fazemos balanços e traçamos planos para nós mesmos. Os pesquisadores concluíram que os adultos simplesmente não conseguem desligar o modo-padrão, algo que os jovens fazem quando estão envolvidos em uma tarefa. Os adultos, mesmo quando estão concentrados, continuam o bate-papo interno com eles mesmos.

“O modo-padrão do cérebro ainda é um completo mistério”, diz a neurocientista Patricia Reuter-Lorenz, pesquisadora da Universidade de Michigan. Estar em constante reflexão pode nos tornar distraídos, mas também pode ajudar a ter boas ideias. Isso explicaria por que adultos de meia-idade têm o raciocínio afiado, embora não lembrem onde puseram a carteira.

O cérebro de meia-idade pode ganhar habilidades surpreendentes conforme envelhecemos, mas isso não acontece com todos. Os cientistas perceberam que só os adultos que sempre tiveram hábitos saudáveis e vida intelectual ativa apresentaram a superativação. Há indícios de que a prática frequente de exercícios físicos promove o nascimento de novos neurônios em uma região do cérebro associada à memória. E atividades que desafiam o cérebro, como aprender uma nova língua ou até mesmo exercícios de memória, evitam que áreas do cérebro “enferrugem”. É como se essas atividades criassem uma reserva de neurônios que pode ser usada pelo cérebro quando ele entra em declínio. “Se a pessoa conseguiu criar uma boa reserva, é provável que tenha mais mecanismos para suprir deficiências causadas pelo envelhecimento”, diz o neurologista Ivan Okamoto, pesquisador do Instituto da Memória da Universidade Federal de São Paulo.
Adultos que têm hábitos saudáveis e mente ativa
mostram cérebro de alto desempenho na meia-idade

Há poucos anos, a meia-idade costumava ser considerada uma fase de crises, desencadeadas pela percepção dos primeiros lapsos de memória. Eles seriam sinal inequívoco da aproximação da velhice e, consequentemente, da morte. A percepção da brevidade da vida despertaria um conjunto de comportamentos chamado pelo psicólogo canadense Elliott Jaques de crise da meia-idade – sim, a famosa. Entre os sintomas descritos por Jaques no artigo de 1965 que deu origem ao termo estão “preocupação doentia com a saúde e a aparência”, “promiscuidade sexual” e “ausência de verdadeiro prazer em viver”. Esse tipo de comportamento pode ser facilmente encontrado entre pessoas de meia-idade, mas o conceito não tem base científica.

Jaques propôs sua teoria ao analisar casos de artistas que teriam mudado o estilo de suas obras após os 40 anos – um grupo pequeno e específico demais. Um dos estudos mais abrangentes a averiguar o nível de bem-estar nessa fase da vida mostrou que a maioria das pessoas se diz mais feliz do que antes. Segundo levantamento com 8 mil americanos da Fundação MacArthur, instituição privada de fomento à pesquisa nos Estados Unidos, apenas 5% dos entrevistados apresentavam reclamações. E, mesmo entre esses, a maioria já enfrentara problemas semelhantes em outras épocas – o que isentaria a culpa da meia-idade.

Aos 52 anos, o físico Marcelo Gleiser, professor do Dartmouth College, nos Estados Unidos, diz ter encontrado serenidade, e não angústia. “Quando você fica mais velho, torna-se mais calmo e seguro”, afirma. Ele diz ser capaz de escolher desafios com mais critério, para concentrar tempo e energia em problemas que possa resolver. “Conhecer os próprios limites dá paz de espírito.” Os estudos de neurociência sugerem que essa pacificação interior também está relacionada a alterações do cérebro. A equipe da psicóloga Mara Mather, da Universidade do Sul da Califórnia, mostrou imagens tristes e repulsivas a voluntários maduros e a jovens. Concluiu que nos mais velhos a área do cérebro responsável pelas emoções reagia menos às figuras negativas. Concluiu que era um sistema de proteção. O cérebro parecia escolher dar menos atenção ao lado ruim da vida. Há nisso mais inteligência e sabedoria do que um cérebro jovem talvez seja capaz de perceber.
Marcela Buscato. Com Bruno Segadilha e Teresa Perosa

reprodução/Revista Época