quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Informática

A Educação e a Pessoa com Deficiência na Era da Informática

Autora: Cristiane Scattone

A Educação a Distância através da Internet apresenta perspectivas de cidadania para as pessoas com deficiência

"Pensar numa sociedade melhor para as pessoas deficientes é necessariamente também pensar numa sociedade melhor para todos nós." (RIBAS,1998,p.98)

Pensar sobre a relação "educação para todos" e a deficiência é uma forma de indagar a igualdade de oportunidades no sistema educacional brasileiro.

O presente tema vislumbra a possibilidade de uma "educação para todos" através da informática, já que, como instrumento de aprendizagem, de busca de informação e de trabalho, o computador é uma realidade, principalmente nos grandes centros urbanos do Brasil.

O paradigma "educação para todos", compreendido como o acesso de todo cidadão ao sistema educacional, tem o seu fundamento na política nacional brasileira.

De acordo com a lei maior, a Constituição Brasileira, toda pessoa tem direito à educação, e a escola deve levar em conta a diversidade das características dos seres humanos. A igualdade de oportunidades está assegurada na Lei de Diretrizes e Bases n.º 9.394 /96.

É fundamental que se compreenda a importância do paradigma "educação para todos" para a sociedade. As pessoas com deficiência que ficam fora do sistema educacional e, conseqüentemente, sem acesso à cultura na vida adulta, podem encontrar dificuldades para conquistar a sua independência pessoal e a sua autonomia, sendo assim, pouco ou nada contribuirão e/ou produzirão à sociedade e ao país.

Diante dessa assertiva, refletir sobre a igualdade de condições no século XXI, com toda a tecnologia existente, leva-nos a pensar que o computador e a telemática, entre outros, são recursos que podem colaborar com esse paradigma. A pessoa com deficiência que, através de uma tecnologia adaptada às suas necessidades, puder ter acesso ao conhecimento e ao processo de ensino-aprendizagem, poderá expor suas idéias e sentimentos a outras pessoas e poderá trabalhar, exercer sua cidadania e se integrar à sociedade.

Em 1997, surgiu no Brasil o Programa Nacional de Informática na Educação (ProInfo). O ProInfo é um programa educacional que visa introduzir as Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTIC) na escola pública como ferramenta de apoio ao processo ensino-aprendizagem e também promover o desenvolvimento e o uso da telemática como ferramenta de enriquecimento pedagógico. Ele pretende melhorar a qualidade do processo ensino-aprendizagem, propiciar uma educação voltada para o progresso científico e tecnológico, preparar o aluno para o exercício da cidadania numa sociedade desenvolvida e valorizar o professor. As escolas públicas, tendo um projeto de uso pedagógico das NTIC aprovado pela comissão Estadual de Informática na Educação, recebem computadores e respectivos periféricos.

A Secretaria de Educação especial (SEESP), motivada pela implantação do PROINFO na rede pública, elaborou, em 1999, o Projeto de Informática na Educação Especial (PROINESP) visando às instituições não governamentais. O projeto enfatiza que a democratização do uso das tecnologias é uma realidade viável. A democratização vai ao encontro da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n.º 9.394/96, que deixa claro o direito dos educandos com necessidades especiais de contar com uma infra-estrutura para que haja uma aprendizagem eficiente. Esse projeto parte do pressuposto de que, se as barreiras que as pessoas com deficiência encontram ao ingressarem no sistema educacional forem minimizadas através da informatização, esses cidadãos terão acesso ao processo de ensino-aprendizagem.

Com a popularização da Internet, esta também foi incorporada nas instituições de ensino e na Educação a Distância. A Educação a Distancia proporciona a auto-aprendizagem e o acesso à educação a todos aqueles que não têm condições de freqüentar uma instituição de ensino.

A Educação a Distância através da Internet apresenta perspectivas de cidadania para as pessoas com deficiência, principalmente para as que não podem locomover-se, ou as que ficam internadas em hospitais por um longo período de tempo e que, com isso, ficariam alheias ao sistema educacional. A Telemática, como recurso educativo, pode - através de projetos específicos ou não - proporcionar uma "educação para todos".

Vale lembrar, nesse momento, uma personalidade internacionalmente reconhecida pela importância de sua obra na área da Astrofísica e da Cosmologia: o inglês Stephen Hawking. Ele utiliza-se de recursos tecnológicos como um reprodutor de voz para comunicar-se, pois sofre de esclerose lateral amiotrófica, que é caracterizada pela degeneração progressiva das células motores no cérebro e na espinha dorsal. Hawking é considerado um dos físicos teóricos mais importantes do mundo. Entre suas contribuições, destacam-se as teorias sobre o estudo dos buracos negros.

Hawking, de uma forma brilhante, deixa sua contribuição à humanidade, tanto no aspecto científico, com suas obras, quanto no de STEPHEN HAWKING ser humano, com sua perseverança e força de vontade.

A utilização da informática pelas pessoas com deficiência dá-se através de recursos adaptados. Existem, no mercado, diversos softwares e periféricos de computadores que foram elaborados visando às pessoas com necessidades especiais.

Para exemplificar, segue uma tabela citando alguns desses recursos tecnológicos adaptados, porém, nela não consta a deficiência mental, pois esta pouco ou nada exige em relação a adaptações de computadores e softwares; basta selecionar um software que corresponda às necessidades do usuário:


Deficiência Motora Deficiência Motora
e Fala Deficiência Visual Deficiência Auditiva
Periféricos -tela sensível (toque/sopro)
-substitutos de mouse
-pulsadores e
apontadores -teclados alternativos - teclado Braille
- impressora Braille -microfone
-fone de ouvido
Softwares -simulador de teclado
-ERA: Emulador de
Rato -Anagrama-Comp
-Imago Vox
-PCS-Comp -Sonix
-DOSVOX
-El toque mágico -Sing Talk
-SELOS
-Sing Writing

A versatilidade dos softwares e periféricos adaptados favorece a acessibilidade das pessoas com necessidades especiais ao sistema educacional, tornando viável a participação de pessoas com deficiência na sociedade e diminuindo a distância entre o possível e o inacessível.

O desenvolvimento tecnológico, cada vez mais, oferece novos instrumentos para otimizar o manuseio do computador pelas pessoas com deficiência, proporcionando, dessa forma, a democratização do ensino, da informação e da socialização, além do desenvolvimento cognitivo e sócio-afetivo.

Por tudo que foi exposto, fica evidente a validade da educação que se utiliza de tecnologia adaptada às necessidades especiais do educando. Portanto, para que se tenha assegurada a apregoada e defendida igualdade de direitos numa sociedade democrática, resta colocar em prática o direito de dispor desses recursos, a fim de que, mesmo com a diversidade, seja possível atingir o real sentido da educação para (com) todos.

Bibliografia

MAZZOTTA, Marcos José da S. Educação especial no Brasil. História e políticas públicas. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1999.
RIBAS, João Baptista C. O que são pessoas deficientes. 6. ed. São Paulo: Brasiliense, 1998. (Coleção Primeiros Passos).
SCATTONE, Cristiane. A educação e a pessoa portadora de deficiência na era da informática. Monografia (Curso de Pós-Graduação Strito Sensu em Distúrbios do Desenvolvimento) - Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2001.
SCATTONE, Cristiane. O software educativo no processo de ensino-aprendizagem: um estudo de opinião de alunos da quarta série do ensino fundamental. Dissertação (Mestrado em Distúrbios do Desenvolvimento) - Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2002.

Cristiane Scattone - Pedagoga, Psicopedagoga Clínica e Mestre em Distúrbios do Desenvolvimento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie

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