terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Pânico

Síndrome do pânico: saiba como lidar com ela
Ele ou ela entra no consultório com aparência mais saudável possível, costumam ter entre 20 e 35 anos e quase sempre trazem uma pilha de exames totalmente normais. Olham para mim como se eu fosse a sua última esperança.

Geralmente são adultos bem sucedidos. Tem uma autocrítica acima da média, e por serem muito competentes atraem, naturalmente, muita responsabilidade. Eu diria que este tipo de paciente “dá um passo maior do que a perna”. São devotos à perfeição e, portanto, como assumem muitos compromissos, não conseguem executa-los da maneira que gostariam.

Isto de maneira lenta e progressiva leva a um conflito interno. Este conflito gera ansiedade que se persistir, pode culminar com o distúrbio da ansiedade* mais conhecido do momento: “a síndrome do pânico” ou “ataque de pânico”.

*Os distúrbios da ansiedade não são considerados condições psiquiátricas e são caracterizados por componentes psicológicos (tensão, medos, apreensão e dificuldade de concentração) e somáticos (taquicardia, aumento da freqüência respiratória com sensação de falta de ar, palpitação, tremores e transpiração).

Os distúrbios da ansiedade são: 1) transtorno obsessivo-compulsivo; 2) ansiedade generalizada; 3) ansiedade fóbica; 4) transtornos dissociativos. 5) transtorno do pânico (síndrome do pânico).

No ataque de pânico, os pacientes se queixam de uma crise de taquicardia, formigamento ao redor da boca, lábios e nas extremidades (mãos), taquicardia (aumento da freqüência dos batimentos cardíacos), falta de ar, transpiração intensa e fria, principalmente nas mãos, e as vezes sensação de desmaio. Junto com estas manifestações fisiológicas, o paciente se queixa de um medo intenso de morrer.

Apesar de curta e imprevisível, a crise pode ser desencadeada por lugares muito cheios (shopping, cinema, trânsito etc), caracterizando a agorafobia (medo de lugares repletos de pessoas). Em trinta por cento dos casos, o ataque de pânico acontece no meio da noite.

Todos os pacientes sentem uma ansiedade antecipatória da crise, gerando insegurança que os limita para atividades rotineiras. Estes pacientes freqüentemente acabam em um serviço de emergência queixando-se de ataque cardíaco ou queda de açúcar.

No meu entender, o ataque de pânico nada mais é do que uma resposta de adrenalina (adrenérgica) a um inimigo virtual e portanto, totalmente inadequada. A resposta adrenérgica é muito conhecida no mundo animal. Ela é um mecanismo de defesa primitivo, que prepara o animal para escapar do predador ou caçar a presa.

A adrenalina promove algumas alterações como:

1) transporta o sangue superficial da pele para o músculo fazendo com que o músculo fique mais irrigado e forte. Daí a palidez e o formigamento nas extremidades e face (menos irrigação sanguínea nesta área).

2) dilata a pupila para melhorar a acuidade visual;

3) aumenta a intensidade e os batimentos cardíacos para melhorar a oxigenação dos tecidos.

4) eleva a pressão arterial para, também, melhor irrigar as células.

Ora, o que temos que entender é que diante das pressões do mundo moderno, somos cobrados intensamente (principalmente por nós mesmos) e nos agredimos tanto que o nosso organismo libera a resposta de defesa pré-programada mais primitiva: adrenalina no sangue. O paciente então apresenta todas as manifestações somáticas, não entende o que está acontecendo, acha que vai morrer e entra em pânico.

Como lidar com isso?

Primeiramente devemos pesquisar se o paciente esta dormindo bem, pois estes ataques estão fortemente associados a noites mal dormidas. Sendo este o fator de “stress” e ansiedade. Uma vez descartado o distúrbio do sono, devemos optar por medicamentos e psicoterapia com o intuito de detectarmos e tratarmos o foco de ansiedade. Estes medicamentos controlam rapidamente e facilmente a maioria dos casos.

Na crise aguda os benzodiazepínicos são os preferidos (popular calmante). Para manutenção do tratamento, dá-se preferência aos antidepressivos, não porque o paciente está deprimido, mas sim porque estes medicamentos funcionam bem e não causam dependência. Este tratamento dura de 1 a 2 anos. O acompanhamento com um profissional especializado (psicólogo ou psiquiatra) é bom e sempre recomendável.

Na realidade temos de conscientizar o paciente a não se envolver tanto, a apertar o “botão dane-se”, a procurar mudar de hábitos, ter mais válvulas de escape. A válvula de escape que mais recomendo é o esporte quando possível.

A leitura de assuntos agradáveis e diferentes do assunto de trabalho sempre ajuda. A introspecção diária é importantíssima para localizar o foco da ansiedade. Uma vez localizado, devemos enfrentar o problema de frente e escolhermos a melhor solução, sem culpa.

Dicas para prevenir síndrome do pânico

1) Durma bem, se tiver dificuldade procure um profissional para pesquisar o motivo;
2) evite comer durante o trabalho, pare e faça as refeições com calma;
3) coma uma fruta entre as refeições;
4) faça uma atividade física pelo menos 60 minutos, pelo menos, três vezes por semana (comece devagar); 5) faça o que estiver a seu alcance, para aquilo que estiver fora do seu alcance, aperte o “dane-se” e seja feliz.
6) faça mais vezes o que gosta;
7) seja menos rigoroso consigo mesmo.



Fonte: www.clinicalcare.com.br

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